Cinzas, fraternidade e vocação

Amados irmãos e irmãs, logo mais, em 22 de fevereiro, iniciaremos juntos um novo tempo litúrgico na Igreja. Entraremos em um grande retiro espiritual, dando início ao Tempo da Quaresma, com a celebração de Cinzas. Este tempo nos ajudará na preparação da Páscoa do Senhor, por meio dos exercícios quaresmais da oração, do jejum e da caridade. Os exercícios quaresmais nos humanizam e abrem nossos corações à graça de Deus, que nos chama à conversão.

Nesta oportunidade, a Igreja no Brasil é chamada a olhar para tantas pessoas que passam fome, mediante a Campanha da Fraternidade (CF) 2023, cujo tema é “Fraternidade e fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Ao ver a multidão cansada e faminta, Jesus desafia os discípulos a dar-lhe de comer. Que alegria quando vemos projetos de valorização da vida de crianças, adolescentes, jovens e idosos se multiplicando em nossa Diocese e em toda a Igreja! Também neste ano, com o tema “Vocação: graça e missão” e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24,32-33), a Igreja no Brasil nos convida a celebrar o 3º Ano Vocacional. Neste ano, teremos uma excelente oportunidade para refletir e fortalecer a cultura vocacional que perpassa as dimensões pessoais e comunitárias de nossa vida cristã. Vamos celebrar o Ano Vocacional como testemunhas do Ressuscitado, que renova o dom da vocação e nos envia em missão.

Queremos caminhar, unidos à Igreja no Brasil e ao Papa Francisco, no caminho da sinodalidade. É o próprio Papa quem nos orienta: “Aquilo que o Senhor nos pede, de certo modo está já tudo contido na palavra ‘Sínodo’. Caminhar juntos – leigos, pastores, Bispo de Roma – é um conceito fácil de exprimir em palavras, mas não é assim fácil pô-lo em prática” (Discurso em comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17/10/2015).

Que a Virgem Maria, Mãe das vocações, ajude-nos a fazer de nossa vida uma missão para despertar, animar e promover as vocações, caminhando lado a lado com os jovens que buscam um sentido para suas vidas e um lugar na construção do Reino de Deus. Neste ano pastoral, queremos celebrar os mistérios de Cristo, com o coração dócil e atento, imitando-O e repartindo o pão com os necessitados.

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


Novo tempo de esperança

Com o início do ano civil, logo nos primeiros dias de 2023, a liturgia da Igreja nos propõe um novo tempo litúrgico: o Tempo Comum!

Após celebrarmos a grande Festa do Natal, somos inseridos no cotidiano da vida terrena de Nosso Senhor para que Ele guie nossos passos e, com Ele e n’Ele, consigamos alcançar a vida de Deus.

Assim, o “comum” deste tempo litúrgico torna-se a oportunidade de nossa união com o Bom Deus. Caminhando com Jesus por meio de seus “encontros” narrados no Evangelho, vamos descobrindo que o extraordinário da graça do Pai ocorre no ordinário da nossa vida.

Quando nos esforçamos para viver bem nosso cotidiano, unindo nossas alegrias e esperanças à Ressurreição do Senhor, bem como nossas dores e frustrações à Cruz d’Ele, vamos nos configurando ao Deus que se fez um de nós e que quer nos conduzir a Ele, fazendo da liturgia da Igreja um meio eficaz que une a nossa humanidade à sua divindade!

Quanta graça, quanto bem, quanto amor podemos colher deste tempo litúrgico que nos presenteia com a união do comum da vida de Cristo ao comum de nossas vidas, levando-nos a desejar a extraordinária festa que no Céu nunca se acaba!

Caminhando com Cristo e fazendo-nos amigos d’Ele, desejo paz e um feliz 2023 aos leitores do Informativo NO MEIO DE NÓS e a todos diocesanos e diocesanas. “Juntos recomecemos a traçar sendas de paz”, como nos orienta o Papa Francisco. Por isso, trilhando o “comum” de nosso ano civil, configurando-o ao “Comum” do tempo litúrgico que nos indica a presença de Jesus em nosso meio, senti necessidade de me dirigir, de forma particular, aos padres que foram transferidos no final do ano passado e que, por esses dias, iniciam nova missão em diversas paróquias de nossa Diocese; e também aos fiéis que, no “comum” de suas comunidades, serão beneficiados com os frutos dos ministérios dos sacerdotes transferidos.

Nas mudanças, procurei respeitar o desejo de cada padre e tomar as decisões em clima de diálogo. Obrigado, padres, pelo sim generoso dado à evangelização. Fazendo de 2023 um novo tempo de esperança, peço aos senhores que exerçam um pastoreio fecundo junto ao povo fiel; como Bons Pastores que são, caminhem com as ovelhas para que elas compreendam, como sugere o Tempo Comum, um crescimento espiritual do Reino de Deus.

Ao mesmo passo, peço aos fiéis que tenham a sensibilidade de acolher com generosidade os padres que estão chegando na firme certeza que eles são, para vocês, a presença do Cristo que, encontrando-os na vida corriqueira, têm a missão de contribuir com a ação evangelizadora.

Em comunhão e oração, faço votos que façamos de 2023 um novo tempo de esperança. Bom ano pastoral a todos!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


A Família, como vai?

Certo dia Jesus disse: “Cada árvore se reconhece pelo seu fruto” (Lc 6,44). Isto significa que, ao conhecer os filhos de alguém e observar a forma como se comportam, sabemos como é a família deles, especialmente os pais. Portanto, no encerramento da peregrinação das relíquias de Santa Teresinha pela Diocese de Marília, desejo falar de seus pais Zélia e Luís Martin. Não é um casal de super-heróis e nem viveram nas nuvens, mas formaram um casal comum, dentro dos padrões normais da sociedade, aberto ao diálogo e ao trabalho. Um casal que soube viver o Evangelho na realidade humana de alegria e de sofrimentos, fixando o olhar sempre em Deus.

Zélia e Luís souberam viver os valores evangélicos e foram o fermento de uma vida nova no meio da massa. Cada um veio de um lugar diferente, mas os caminhos do Senhor não são os nossos. Os dois pensavam, nas suas juventudes, em entregarem-se à vida religiosa, mas não foram aceitos, por motivos diferentes. Encontraram-se e foi um amor à primeira vista. No diálogo, na oração e na direção espiritual encontraram comunhão e descobriram que o matrimônio tem também, como finalidade, a mútua ajuda, e ajudar a Deus a ter mais filhos e filhas para amar.

Tiveram nove filhos, quatro morreram na infância e as cinco filhas que sobreviveram foram todas consagradas a Deus, quatro no Carmelo de Lisieux e uma Visitandina. Entre as carmelitas, a caçula, Santa Teresinha do Menino Jesus, foi um gênio da espiritualidade. Queria ser santa, mas, por sua fragilidade física e emocional, não se encontrava capaz de percorrer os antigos caminhos da santidade, feitos de penitência, de dons extraordinários, êxtases e de dons especiais. O que fazer? Teresinha não desanimou, mas descobriu um caminho novo, reto, universal, fácil, feito de amor e de abandono. Durante a vida da mãe Zélia, e depois de sua morte, Deus sempre foi, na família, o centro do amar e do agir. Este exemplo deve reavivar, em todos os casais, a força do amor e do diálogo. A educação integral dos filhos, educação espiritual, intelectual, está em primeiro lugar. O casal Matin educou pouco com palavras e muito com o exemplo.

Hoje em dia, sejam os psicólogos, como os sociólogos sérios, se dão conta de que muitas das realidades obscuras da sociedade, da criminalidade, do suicídio de jovens, do abandono dos velhos, e das crianças desestabilizadas, que se entregam às drogas, são frutos da ausência dos pais na família, dos divórcios, dos matrimônios que, por falta de amor e abnegação de si mesmos são alimentados pelo egoísmo e busca da própria felicidade. Devemos reagir, e para isso a Igreja realizou um Sínodo sobre a família em 1980, convocado pelo Papa São João Paulo II, que teve como fruto a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, em 1981.

Recentemente, o Papa Francisco convocou um novo sínodo sobre a família e nos deu como resultado um documento de esperança, de vida e de coragem, abrindo novos horizontes: Amoris Laetitia. Educar para Deus, para os outros, eis a grande missão da família. E Zélia e Luís foram educadores de verdade, no sentido mais pleno da palavra. Não educaram debaixo de uma redoma de vidro, mas para horizontes abertos e uma sadia vivência em sociedade. Educar para a vida e os seus valores, educar para sair do próprio egoísmo e estender a mão para vir em socorro dos pobres, dos últimos e, ao mesmo tempo, sentindo-se necessitados de ajuda.

São Luís e Santa Zélia roguem por nós, e ajudem a todos os casais a viver em plenitude o próprio matrimônio!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


A Providência resolverá

“A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc 12,48). Com essas palavras Jesus nos adverte contra todo tipo de negligência. Ser negligente é uma característica daquele ou daquela que é indolente, preguiçoso, indiferente, daquele ou daquela que se ausenta no momento de exercer suas obrigações.

No entanto, o remédio contra a negligência é indicado por São Paulo, na Carta aos Efésios, na qual ele reflete sobre sua própria vocação: meditar profundamente sobre a grandeza da própria vocação, maravilhar-se diante da generosidade de Deus, pensar não apenas nos deveres, mas sobretudo na misericórdia de Deus e viver na alegria do chamado.

Paulo, assim como tantos outros homens e mulheres, viveram e agiram como o “administrador fiel e prudente”, citado por Jesus no Evangelho. Entre eles está o Frei Moacir Chinelatto, OFMCAp, fundador da Pousada Bom Samaritano, em Dracena. Com certeza ele viveu a alegria da sua vocação! Compreendeu o grande amor com que Cristo o amou! Seu cuidado com as pessoas em situação de dependência alcoólica e química, até o ponto de realizar algo por elas e suas famílias, revela seu coração de administrador fiel e prudente. Juntamente com ele, neste mês, quero lembrar e rezar por todos os que estiveram associados ao seu trabalho, religiosos, leigos e leigas, desde a fundação da Pousada, em 1995, até a presente data. São 27 anos de amor e dedicação.

Outro administrador fiel e prudente foi Luis Orione (1872-1940), um dos maiores exemplos de santidade expressa na caridade. Em 1899, fundou a Pequena Obra da Divina Providência, religiosos empenhados na caridade e em pregar o Evangelho. Quando se tornou sacerdote adotou o lema: “A Providência resolverá”. O zelo missionário de Luis Orione se manifestou com o envio de missionários ao Brasil em 1913. Luís Orione esteve pessoalmente como missionário, duas vezes na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até o Chile.

Em 1940, atacado por várias doenças de coração, foi forçado pelos médicos e confrades a se retirar para San Remo. Foi para lá protestando: “Não é entre palmeiras que eu quero viver e morrer, mas no meio dos pobres que são Jesus Cristo”. E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de março, sussurrando as palavras: “Jesus! Jesus! Estou indo”. São Luís Orione, um autêntico missionário, foi canonizado em 2004, pelo Papa São João Paulo II. Por meio de tão grande testemunho, a partir deste mês, a obra iniciada por Frei Moacir e seus colaboradores, continua sua missão pelas mãos dos filhos de São Luís Orione. Nossa Diocese, que completa 70 anos de sua criação, recebe os orionitas com grande alegria. Sejam bem-vindos!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


Em tudo, dar prazer a Jesus

Amados diocesanos e diocesanas, um dia disse Jesus aos seus discípulos: “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, não entrareis no reino dos Céus” (Mt 18,3). Jesus escolhe “o ícone da criança” quando quer dizer como deve ser um cristão. Entrar na infância espiritual é condição necessária para a santidade e Santa Teresinha é um modelo admirável neste caminho de amor, abandono e confiança.

Em primeiro lugar, não devemos fazer um conceito errôneo da santidade, julgando-a privilégio de alguns e que a ela não poderemos chegar. E essa via comum de santidade, não há dúvida, em nossos dias, é a via da infância espiritual. Santa Teresinha veio nos ensinar, com a sua pequenina via, um meio prático e fácil de realizarmos na vida espiritual as palavras de Jesus.

Uma vez que Jesus nos convida a ser pequenos, a imitar as criancinhas para obtermos o reino dos Céus, entremos na pequenina via da infância espiritual. Deus só fala aos humildes, aos pequenos e só a eles revela os segredos do seu Coração. Reconhecer-se pequeno e pobre é, sem dúvida, a primeira condição para entrarmos na via da infância espiritual. Mas, não basta só reconhecer, é preciso também amar esta pobreza e pequenez.

E a prática do amor na via da infância espiritual pode resumir-se nesta frase: “Fazer tudo para dar prazer a Deus, aproveitando, ainda, as menores ocasiões de oferecer a Jesus pequenos sacrifícios, sempre com alegria, delicadeza e grande generosidade” (Pe. Martin, La Petite Voie).

Assim, como pastor diocesano, peço a todos, povo de Deus, ministros ordenados e fiéis leigos e leigas, não percamos nosso tempo: aproveitemos tudo que fizermos para dar prazer a Jesus. Nossas ações cotidianas, como levantar-se, comer, trabalhar; nossos sofrimentos, tudo isto podemos transformar em atos de amor, se tivermos a reta e delicada intenção de em tudo dar prazer a Jesus, fazer a sua santa vontade e não a nossa.

Neste Mês Missionário, rogo que a visita das relíquias de Santa Teresinha, nos 70 anos de nossa Diocese, suscite em nós, em nossas famílias, e em toda a nossa Igreja Particular, o desejo de amar Jesus e de servi-Lo sempre mais e melhor, na pessoa de nossos irmãos e irmãs, particularmente os mais necessitados. Assim, entraremos todos juntos no seu Reino de amor, justiça e paz! Assim seja!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


Quem é a “santa dos tempos modernos”?

O Papa São Pio X, referindo-se a Santa Teresinha do Menino Jesus, afirmou: “é uma das maiores santas dos tempos modernos”. Mas quais são os seus grandes milagres? E será que os santos devem ser admirados somente pelos milagres, ou porque foram canonizados para serem imitados? Será que Santa Teresinha, do interior de sua clausura no final do século XIX, tem alguma mensagem para nós hoje?

Vivemos em um mundo secularizado, marcado pela correria de quem não tem tempo a perder, onde o sagrado tem pouco destaque diante das realidades, particularmente das necessidades econômicas. Por isso, a proposta de Santa Teresinha é perfeita para nós hoje: a santidade não se resume a gestos de piedade e longos tempos de oração, mas pode ser encontrada na correria do dia a dia, se cada gesto for realizado com amor.

Cada gesto revestido de amor tem valor de eternidade, porque traz a presença de Deus para aquele gesto, para aquela situação. Agindo assim, temos um antídoto para o mal da modernidade: a depressão. Cada gesto ganha significado pelo amor que n’Ele depositamos, nada será mera repetição, porque o amor traz o brilho da novidade para todas as realidades: “só o amor me atrai”, afirma Santa Teresinha.

Nem o sucesso da santidade ela queria: “não se deve trabalhar para tornar-se santa, mas para dar prazer ao Senhor”. Seu objetivo era viver o amor e, por isso, surpreendeu ao dizer que queria passar o céu fazendo o bem na terra. Para Santa Teresinha, o amor não é um sentimento ou emoção, mas decisão da vontade. Verdade difícil para os dias de hoje, em que os relacionamentos são superficiais e a capacidade de se comprometer é passageira.

Mas Santa Teresinha não seria Doutora da Igreja senão por meio de sua “pequena via” cujos traços fundamentais são: o amor à pequenez e à vida escondida; a confiança, enquanto esperança ilimitada em Deus; o zelo pela missão; a oração pelos pecadores e pelos sacerdotes e o amor como força motora de qualquer gesto. Amar a Deus e dar provas desse amor por Ele e, por isso, um único itinerário: abandonar-se às manifestações da vontade divina.

No combate, o herói é aquele que consegue vencer; o santo, é aquele que deixa Deus triunfar nele. Que a visita das relíquias de Santa Teresinha à nossa Diocese, no Jubileu dos 70 anos de sua criação, nos aproxime de Deus para lhe dar prazer. Compreender isso é perceber o essencial. Santa Teresinha soube reconhecer os sinais dos tempos e, por isso, merece o título de “a maior santa dos tempos modernos”!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


“Cristo vive! Somos suas testemunhas”

Temos a graça de celebrar mais um Mês Vocacional, na vida e na liturgia de nossas comunidades eclesiais. Tanto o tema do Mês Vocacional: “Cristo Vive! Somos suas testemunhas” quanto o lema: “Eu vi o Senhor” (Jo 20,18), evocam a experiência pessoal com Jesus Ressuscitado, fonte e núcleo da vocação, a exemplo dos primeiros discípulos. A ênfase na experiência pessoal e no vivencial nos leva a considerar o testemunho como componente chave na vivência da fé.

De fato, o Documento de Aparecida afirma: “Quando cresce no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidadee alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoas a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo” (n. 145).

Como cristãos que experimentaram o encontro com o Senhor, devemos procurar oferecer a todos com os quais nos encontrarmos o testemunho da experiência pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado, uma experiência religiosa profunda e intensa que os leve a dizer: “Eu vi o Senhor”. Isto acontece por meio 01/08 – Missa no Aniversário do Seminário São João Maria Vianney em Brodowski; do anúncio querigmático e do testemunho pessoal dos discípulos missionários, que leva a uma conversão pessoal e a uma mudança de vida integral nos ouvintes.

O poder do Espírito e da Palavra de Deus contagiam as pessoas e as levam a escutar Jesus Cristo, a crer n’Ele como seu Salvador, a reconhecê-Lo como quem dá pleno significado a suas vidas e a seguir seus passos. Assim como aos discípulos, a experiência pessoal com Jesus permite ao cristão aderir de coração e pela fé aos caminhos alegres, luminosos, dolorosos e gloriosos de seu Mestre e Senhor. Peçamos ao Espírito Santo que renove em cada um de nós e particularmente em nossas famílias, a gratidão e o amor pela vocação cristã que recebemos pelo batismo. Sabemos que “a família é o ventre de toda a vocação, uma vez que ali ela é gerada, nutrida e impulsionada à sua plena realização” (Sínodo de 2015). Que sejamos generosos em testemunhar diante do mundo a grande verdade de nossa fé: “Eu vi o Senhor”.

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


Corpus Christi: Sacramento da missão

A Solenidade de Corpus Christi nos convida a renovar nossa fé na presença real de Jesus na Eucaristia, mas também nosso compromisso com a unidade e nossa missão de ser presença de Cristo, como discípulos missionários na Igreja e na sociedade.

Fazer a experiência do encontro com Cristo na Eucaristia é essencial, como afirma o Papa Francisco: “a Eucaristia é o coração palpitante da Igreja, é a única matéria nesta terra que tem verdadeiramente sabor de eternidade”. A Eucaristia é o memorial perene da Paixão de Cristo, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os sinais que Cristo realizou. É ainda singular conforto que Cristo deixou para os que se entristecem com sua ausência. Nossa união com Cristo e entre nós acontece através da Eucaristia.

Vale a pena recordar o Documento de Aparecida (2007), quando os bispos afirmam: “A Eucaristia, participação de todos no mesmo Pão de Vida e no mesmo Cálice de salvação, nos faz membros do mesmo corpo (1Cor 10,17). Ela é a fonte e o ponto mais alto da vida cristã, sua expressão mais perfeita e o alimento da vida em comunhão” (DAp 158). No entanto, A Eucaristia não se esgota com a participação no Corpo e Sangue do Senhor. Ela impele-nos à solidariedade para com o próximo.

Portanto, a Eucaristia também é Sacramento da missão, pois o próprio Jesus, diante de uma multidão de famintos, pede a seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9,13). A situação do mundo inteiro, agravada pela pandemia do Coronavírus, é de carência de alimentação. E essa alimentação não é útil unicamente para satisfazer a fome física. Existem outros tipos de fome: de amor, de imortalidade, de vida, de carinho, de cuidados, de perdão e de misericórdia.

Os discípulos missionários, fiéis a Cristo, precisam levar em conta aquelas pessoas e aqueles grupos que vivem às margens da sociedade, a fim de que sejam também colaboradores de Deus, sujeitos da evangelização.

Na Ceia Eucarística, apesar de vivermos em meio a sofrimentos e cruzes, antecipamos a festa que no céu nunca se acaba. Dom Hélder Câmara expressou bem essa realidade quando afirmou: “Quanto mais sombria é a noite, mais bela é a Aurora que ela carrega no seio”. A vida eucarística dos discípulos missionários só é plena com a saída de si, com pão em todas as mesas, com a missão.

Feliz e abençoado dia de Corpus Christi, na unidade e na missão!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


Missão: Aprendendo com Maria

Irmãos e Irmãs, meditando o Evangelho de São Lucas capítulo primeiro, dos versículos de 39 a 45, descobrimos que, depois de escutar e acolher o anúncio do Anjo Gabriel e dar o seu sim para gerar o Filho de Deus, Maria pôs-se a caminho para uma região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá, para servir sua prima Isabel, que estava grávida, em idade avançada.

Maria nos ensina, com a prontidão desse gesto, que a visita de Deus faz de nós visitadores daqueles a quem somos chamados a servir. Quando saímos ao encontro de alguém, devemos recordar que estamos imitando o que fez Maria, saindo ao encontro de Isabel. Maria foi ao encontro de Isabel levando Jesus em seu ventre e soube reconhecer nesse gesto a manifestação de Deus, por isso cantou: “A minha alma engrandece o Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1,47).

Imitemos Maria, a fiel discípula do Senhor, coloquemo-nos em saída e no caminho da vivência da fé, que gera vida e nos liberta do medo. Assim como Isabel, também nós estamos todos precisando de cuidados, pois muitos de nós e boa parte da humanidade andamos feridos, doentes, estressados e ansiosos. Pensemos em Maria, na sua disponibilidade para com Deus, aceitando gerar e cuidar do seu Filho e no seu serviço a Isabel.

Hoje nossa espiritualidade mariana pode se concretizar nos muitos grupos que se reúnem para rezar o terço, suplicando a Maria sua intercessão e proteção, pedindo pelo fim desse tempo pandêmico, pela paz no mundo e tantas outras necessidades.

Rezando com fé veremos a nossa devoção se tornar missão na vida dos pequenos e desamparados, dos doentes e encarcerados, ou seja, daqueles que esperam a manifestação do amor de Deus e o terno amor de Maria.

Vamos aprender com Maria a ser uma Igreja sinodal. Uma Igreja que evangeliza e caminha na comunhão, participação e missão! Feliz mês Mariano!

DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO


Semana de oração pela unidade dos cristãos: orientar-se novamente em Deus

“Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. João 15, 5-9) é o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano. De 18 a 25 de janeiro, as Igrejas e as confissões cristãs são chamadas a refletir, invocando mais intensamente o espírito de comunhão. Os subsídios deste ano foram preparados pelas monjas de Grandchamp, na Suíça, que participarão através do seu site e da página Facebook

Uma "jornada importante": foi assim que o Papa anunciou ontem, no final do Angelus, o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, convidando todos a orar concordes para que "o desejo de Jesus seja realizado: ‘que todos sejam um’ (Jo 17, 21). Unidade que sempre é superior ao conflito”. Este ano o tema que acompanhará os dias da Semana, tradicionalmente realizada entre as festas da Cátedra de São Pedro e a Conversão de São Paulo, baseia-se na advertência de Jesus: "Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos" do Evangelho de João (Jo 15,5-9). A celebração é realizada todos os anos de 18 a 25 de janeiro no hemisfério norte, enquanto no sul, onde janeiro é um período de férias as Igrejas celebram em outras datas. No Brasil é celebrada entre a Ascensão e Pentecostes, um período igualmente simbólico para a unidade da Igreja. Em Roma será o Papa, como sempre, que encerrará a Semana dia 25 de janeiro na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, presidindo a celebração das Vésperas junto com os representantes das outras Comunidades Cristãs.Os subsídios das Semanas de Oração

Desde 1968, o livreto indicando como rezar com espírito ecumênico, neste tempo, é produzido pela Comissão de Fé e Constituição do Conselho Ecumênico de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Desde 1975, esses textos - leituras bíblicas, comentários e orações para cada dia da semana - são preparados com base em um projeto desenvolvido a cada ano por um grupo ecumênico local em um país diferente. Deste ponto de vista, pode-se dizer que no próprio método se encontra o significado de "ecumenismo": o universal, traduzido literalmente pela esplêndida expressão "terra habitada". O subsídio é proposto com a advertência de que, sempre que possível, deve ser adaptado aos costumes locais, com especial atenção às práticas litúrgicas em seu contexto sócio-cultural e à dimensão ecumênica. Em algumas localidades já existem estruturas ecumênicas capazes de realizar esta proposta e onde estão faltando, espera-se que sejam implementadas.

Calendário da Semana 2021

Ao longo de oito dias, somos convidados a meditar e orar baseados nos diferentes pontos sugeridos pelos versículos da conhecida passagem da videira e o sarmento do evangelista João. No primeiro dia, chamado por Deus: "Vós não me escolhestes, eu vos escolhi" (Jo 15, 16a); no segundo, Amadurecendo internamente: "Permanecei em mim, como permaneço em vós" (Jo 15, 4a); no terceiro, formando um só corpo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12b). Depois, no quarto dia será feita uma reflexão sobre o profundo sentido de orar juntos: “Já não vos chamo servos... chamo-vos amigos (Jo 15, 15). No quinto dia deixando-se transformar pela Palavra: “Vós já estais purificados pela palavra (Jo 15, 3). No sexto dia acolhendo outros: “Ide produzir frutos, frutos que permaneçam (Jo 15, 16b). Crescendo na unidade é o aspecto que se dará atenção no sétimo dia: “Eu sou a vinha, vós sois os sarmentos” (Jo 15, 5a), para concluir, no oitavo dia reconciliando com toda a criação: “Para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja perfeita” (Jo 15,11).

As monjas da Comunidade de Grandchamp

As monjas da Comunidade de Grandchamp

A Comunidade de Grandchamp reza em quarentena
A Comunidade de Grandchamp, na Suíça - à qual foi confiada a tarefa de escrever os textos do subsídio para este ano - é atualmente formada por cerca de cinquenta irmãs de diferentes tradições cristãs e de diferentes países. Fundada na primeira metade do século XX, desde o início cultivou fortes laços tanto com a Comunidade de Taizé quanto com o Padre Paul Couturier, figura chave na história da Semana de Oração. As religiosas estão em isolamento desde 5 de janeiro por causa do coronavírus. Acostumadas a viver o carisma da abertura ao diálogo e ao encontro, tiveram que, lamentavelmente, reorganizar sua vida em conjunto: cada uma reza de seu próprio quarto, tiveram que fechar as portas da acolhida, cancelar as celebrações planejadas. Porém os sinos do meio-dia continuam a bater. "A pandemia não pode parar a oração", escreve-nos a Irmã Svenja, convidando-nos a seguir as atualizações online que continuarão a organizar. "Talvez este seja o tempo para alimentar a oração pessoal", lemos na página Facebook delas, "e para viver ainda mais profundamente o tema que preparamos".

Palavras do Papa Francisco para a unidade

A preocupação com os mais pobres e o apelo a reforçar nas sociedades o princípio da solidariedade; o convite a mostrar hospitalidade aos fracos e perseguidos: estes foram os destaques expressos pelo Papa Francisco por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em 2019 e 2020. Um ano atrás, em particular, o Pontífice lembrou que o barco em que Paulo estava, antes de encalhar perto da costa de Malta, estava à mercê da tempestade há vários dias, e enquanto todos estavam perdendo toda a esperança de sobrevivência, era o apóstolo que os tranquilizava, ele que era um prisioneiro e, portanto, um dos mais vulneráveis. Estávamos no início da pandemia, ainda imprevisível e desconhecida, que teria devastado o planeta. A humanidade ainda está na tempestade, a humanidade que o Papa teria evocado novamente no extraordinário momento de oração na deserta Praça de São Pedro no dia 27 de março passado. A unidade ainda se torna um desejo inevitável, uma urgência, uma esperança. Novamente a oração é tão necessária.

Fonte: Semana de oração pela unidade dos cristãos: orientar-se novamente em Deus - Vatican News