Dom Leonardo: “a vacina é o único meio que nós temos de superar esse momento pandêmico”
Segundo dom Leonardo, “a vacina é o único meio que nós temos de superar esse momento pandêmico, a vacina é a única saída”. Manaus é uma das cidades brasileiras onde a vacinação está mais adiantada, tendo sido vacinada boa parte das pessoas acima de 70 anos, assim como outros grupos de risco. Mesmo assim, não são todos os que estão indo aos postos de vacinação, alguns por dificuldade para se deslocar, outros influenciados pelas declarações de alguns políticos em referência à eficácia da vacina, querendo assim tirar o foco da falta de planejamento.
No último sábado, 20 de fevereiro, a prefeitura de Manaus organizou uma visita a idosos que moram na Zona Sul da cidade por agentes comunitários da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) para orientá-los a receber a vacina contra a Covid-19. Também dom Leonardo disse que “gostaria de insistir caríssimos irmãos e irmãs na necessidade da vacina e do cuidado”. Mesmo tendo diminuído a gravidade da segunda onda em Manaus, com menos internações e óbitos, ele afirmou que “nós não podemos agora achar que tudo está tranquilo”, pois segundo o arcebispo, “a situação ainda é grave, especialmente no nosso interior”.
A falta de cuidado tem sido uma das causas da segunda onda da pandemia em Manaus. É por isso, que dom Leonardo Steiner, seguindo aquilo que está sendo advertido pelos especialistas em infectologia, afirmou que “talvez se não cuidarmos, teremos um terceiro momento, o que seria extremamente difícil e grave para todos nós”. O arcebispo, que já recebeu a primeira dose da vacina, disse que “vamos cuidar, vamos colaborar, mas na primeira oportunidade que cada um, cada uma tiver, deixe-se vacinar, procure vacinar-se”.
Dom Leonardo Steiner afirmou não saber “por que tanta resistência à vacina, dado que nós temos no Brasil uma experiência enorme de vacinação”. Na verdade, boa parte dessa situação que o Brasil vive hoje tem sua origem no poder público, algo que o arcebispo sustentou quando disse que “infelizmente não houve organização suficiente da parte do governo”.
Diante da situação atual, ele insiste na necessidade da vacina “para podermos voltar a uma convivência mais tranquila e voltarmos também às nossas celebrações, às nossas atividades pastorais”. A arquidiocese de Manaus cancelou as missas e encontros com o povo no dia 05 de janeiro e foram prorrogadas as orientações nesse sentido. Na última semana, foi decretado que essa situação vai permanecer até o dia 12 de março, inclusive.
Na homilia da missa, o arcebispo falou sobre aquilo que o deserto representa na tradição bíblica e na vida dos cristãos, sobre a importância da conversão e do diálogo, tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021. Ela “vem a despertar em todos nós o desejo do diálogo”, que na passagem do Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma “se manifesta como anúncio benévolo e transformante”. O arcebispo de Manaus destacou a importância da conversão à escuta, de “assumir um novo estilo de vida, de diálogo”, também de “desideologizar a escuta”.
Segundo dom Leonardo, se faz necessário estarmos atentos ao “barulho ensurdecedor da violência verbal e física, o barulho da ideologia tomada pela brutalidade que busca destruir os ouvidos da convivência, o barulho da religiosidade que trai a essência, o vigor da fé e nos afasta de Deus e dos irmãos”. Tudo isso deve levar, segundo dom Leonardo “a implorar escuta, diálogo”, para evitar cair na agressão.
“O tempo da pandemia é um tempo de deserto, o tempo da pandemia também é um tempo do Espírito”, segundo dom Leonardo. Diante dessa realidade, ele se perguntava: “como estamos ouvindo, qual a purificação, qual a transformação que a pandemia pode nos proporcionar, indicar? Nos deixamos visitar pelo Espírito? Assumimos melhor, depois desta pandemia, a nossa vocação e a nossa missão como cristãos?”. Responder essas perguntas podem ajudar a humanidade, especialmente os cristãos, os católicos, a encontrar uma saída diante da grave situação que estamos vivendo, uma saída que, segundo dom Leonardo Steiner, está na vacina, “a única saída”.