O Papa São Pio X, referindo-se a Santa Teresinha do Menino Jesus, afirmou: “é uma das maiores santas dos tempos modernos”. Mas quais são os seus grandes milagres? E será que os santos devem ser admirados somente pelos milagres, ou porque foram canonizados para serem imitados? Será que Santa Teresinha, do interior de sua clausura no final do século XIX, tem alguma mensagem para nós hoje?
Vivemos em um mundo secularizado, marcado pela correria de quem não tem tempo a perder, onde o sagrado tem pouco destaque diante das realidades, particularmente das necessidades econômicas. Por isso, a proposta de Santa Teresinha é perfeita para nós hoje: a santidade não se resume a gestos de piedade e longos tempos de oração, mas pode ser encontrada na correria do dia a dia, se cada gesto for realizado com amor.
Cada gesto revestido de amor tem valor de eternidade, porque traz a presença de Deus para aquele gesto, para aquela situação. Agindo assim, temos um antídoto para o mal da modernidade: a depressão. Cada gesto ganha significado pelo amor que n’Ele depositamos, nada será mera repetição, porque o amor traz o brilho da novidade para todas as realidades: “só o amor me atrai”, afirma Santa Teresinha.
Nem o sucesso da santidade ela queria: “não se deve trabalhar para tornar-se santa, mas para dar prazer ao Senhor”. Seu objetivo era viver o amor e, por isso, surpreendeu ao dizer que queria passar o céu fazendo o bem na terra. Para Santa Teresinha, o amor não é um sentimento ou emoção, mas decisão da vontade. Verdade difícil para os dias de hoje, em que os relacionamentos são superficiais e a capacidade de se comprometer é passageira.
Mas Santa Teresinha não seria Doutora da Igreja senão por meio de sua “pequena via” cujos traços fundamentais são: o amor à pequenez e à vida escondida; a confiança, enquanto esperança ilimitada em Deus; o zelo pela missão; a oração pelos pecadores e pelos sacerdotes e o amor como força motora de qualquer gesto. Amar a Deus e dar provas desse amor por Ele e, por isso, um único itinerário: abandonar-se às manifestações da vontade divina.
No combate, o herói é aquele que consegue vencer; o santo, é aquele que deixa Deus triunfar nele. Que a visita das relíquias de Santa Teresinha à nossa Diocese, no Jubileu dos 70 anos de sua criação, nos aproxime de Deus para lhe dar prazer. Compreender isso é perceber o essencial. Santa Teresinha soube reconhecer os sinais dos tempos e, por isso, merece o título de “a maior santa dos tempos modernos”!
DOM LUIZ ANTONIO CIPOLINI
BISPO DIOCESANO