O Papa no Angelus: é bom se tornar rico, mas rico segundo Deus

“Que Nossa Senhora nos ajude a compreender quais são os verdadeiros bens da vida, aqueles que permanecem para sempre”: foi o pedido do Papa à Virgem Maria no Angelus ao meio-dia deste XVIII Domingo do Tempo Comum.

Refletindo sobre a página do Evangelho do dia, Francisco destacou a passagem em Lc 12,13 em que um homem dirige um pedido a Jesus: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança”. É uma situação muito comum, problemas semelhantes ainda são atuais: quantos irmãos e irmãs, quantos membros da mesma família infelizmente brigam, e talvez não falem mais um com o outro, por causa da herança! – frisou o Papa.

A ganância, uma doença que destrói as pessoas

O Pontífice observou que Jesus, respondendo a este homem, não entra em detalhes, mas vai à raiz das divisões causadas pela posse das coisas, e diz: “Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez”.

O que é a cobiça? É a ganância desenfreada pelos bens, o querer sempre enriquecer-se. É uma doença que destrói as pessoas, porque a fome de posses gera dependência. Sobretudo aquele que tem tanto nunca se dá por satisfeito: sempre quer mais, e somente para si mesmo. Mas desta forma não é mais livre: é apegado, escravo daquilo que paradoxalmente deveria servir-lhe para viver livre e sereno. Em vez de servir-se do dinheiro, se torna servo do dinheiro. Mas a ganância é uma doença perigosa também para a sociedade: por causa dela chegamos hoje a outros paradoxos, a uma injustiça como nunca antes na história, onde poucos têm muito e muitos têm pouco ou nada. Pensemos também nas guerras e conflitos: o anseio por recursos e riqueza está quase sempre envolvido. Quantos interesses estão por trás de uma guerra! Certamente, um deles é o comércio de armas. Este comércio é um escândalo ao qual não devemos e não podemos nos resignar.

“Parar e negociar”: novo apelo do Papa em favor da Ucrânia

Francisco acrescentou que Jesus nos ensina hoje que, no cerne de tudo isso, não há apenas alguns poderosos ou certos sistemas econômicos: há a ganância que está no coração de cada um.

Dito isso, o Santo Padre convidou-nos a refletir sobre algumas perguntas:

Como está meu desapego dos bens, das riquezas? Eu me queixo do que me falta ou sei dar-me por satisfeito com o que tenho? Sou tentado, em nome do dinheiro e das oportunidades, a sacrificar as relações e o tempo para os outros? E mais ainda, me ocorre sacrificar a legalidade e a honestidade no altar da ganância? Eu digo “altar” porque bens materiais, dinheiro, riquezas podem se tornar um culto, uma verdadeira idolatria. Portanto, Jesus nos adverte com palavras fortes. Ele diz que não se pode servir a dois senhores, e – tenhamos cuidado – não diz Deus e o diabo, ou o bem e o mal, mas Deus e as riquezas. Servir-se da riqueza sim; servir a riqueza não: é idolatria, é ofender a Deus.

A vida não depende do que se possui

Então – podemos pensar – não se pode desejar ser rico? O Pontífice respondeu: é claro que se pode, de fato, é justo desejá-lo, é bom se tornar rico, mas rico segundo Deus! Deus é o mais rico de todos: é rico em compaixão, em misericórdia. Sua riqueza não empobrece ninguém, não cria brigas e divisões. É uma riqueza que ama dar, distribuir, compartilhar.

Antes de concluir, o Papa lembrou, por fim, o que realmente conta na vida:

Irmãos, irmãs, acumular bens materiais não é suficiente para viver bem, porque – diz Jesus novamente – a vida não depende do que se possui (cf. Lc 12,15). Em vez disso, depende de bons relacionamentos: com Deus, com os outros, e também com aqueles que têm menos. Então, nós nos perguntemos: como eu quero me enriquecer? De acordo com Deus ou de acordo com a minha ganância? E voltando ao tema da herança, que herança eu quero deixar? Dinheiro no banco, coisas materiais, ou pessoas contentes ao meu redor, boas obras que não são esquecidas, pessoas que eu ajudei a crescer e amadurecer?

Raimundo de Lima – Vatican News

Comissão volta a realizar, em agosto, série de lives formativas sobre os 30 anos do Catecismo da Igreja Católica

A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) volta neste mês de agosto a realizar a série de lives formativas sobre os 30 anos do Catecismo da Igreja Católica.

Desta vez a live formativa tem como objetivo refletir sobre a terceira parte do Catecismo: “A vida em Cristo”. Serão feitas duas seções que contarão com reflexões da professora e doutora em Teologia, Maria Inês Millen, nos dias 4 e 25 de agosto, às 19h30, com transmissão ao vivo pelas redes sociais da CNBB (Youtube e Facebook) e Catequese do Brasil, no Youtube.

A primeira seção, segundo o assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, padre Jânison de Sá, desenvolve a moral fundamental: a vocação do homem; a Vida no Espírito (1699-2051). Já a segunda vai se dedicar à moral especial: Os 10 mandamentos (2052- 2557). “Elas serão formações importantes para revisitar os ensinamentos contidos no Catecismo, particularmente esta terceira parte que reflete sobre a teologia moral”, explica o padre.

O Catecismo da Igreja Católica começou a ser pensado a partir do Sínodo Extraordinário dos Bispos que celebrava o XXV aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II. Padre Jânison salienta que o Documento é fruto de um longo processo colegial que, para além da participação dos bispos, contou com a contribuição de especialistas em catequese, Bíblia, teologia dogmática e demais, resultando assim como fruto do Concílio Vaticano II.

“O Catecismo da Igreja Católica não apresenta uma metodologia e pedagogia catequética, ou seja, a dinâmica usada para os encontros de catequese a serviço da Iniciação à vida Cristã em nossas paróquias e comunidades. Mas encontramos as grandes linhas e temas que devem ser alimento sólido para quem pretende conhecer os conteúdos da vida cristã e vivenciar no quotidiano como discípulos e missionários de Jesus Cristo. É também um instrumento importante para a formação teológica de nossos catequistas”, diz o padre Jânison.

Acompanhe a live:

As lives formativas sobre os 30 anos do Catecismo ocorrem desde o mês de março deste ano e têm ajudado a revisitar as principais temáticas do Documento, além de aprofundar o seu sentido com a ajuda de assessores convidados para cada mês.

Segundo Mariana Venâncio, assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, as lives que aconteceram até agora foram importantes para que todos tivessem a consciência da riqueza do material contido no Catecismo da Igreja Católica.

“Muitos relatos que acompanhávamos pelos comentários do chat ao vivo, testemunhavam o quanto as pessoas ficavam, ao mesmo tempo, maravilhadas diante da profundidade e abrangência do conteúdo, mas também mais conscientes das razões da própria fé”, disse.

Para Mariana as lives estão sendo uma ferramenta importante para uma leitura mais consciente do Catecismo da Igreja Católica, que reconheça seu lugar e sua conexão com a Escritura, a Tradição e o Magistério.

“Além disso, elas também contribuíram para que, desde o início do ano, já marcássemos 2022 com a celebração dos 30 anos do CIgC, que vai se intensificar agora, que a data se aproxima”, afirmou.

Até o momento foram realizadas 9 lives, com diferentes temáticas como “A Profissão da Fé” e a “Celebração do Mistério Cristão”. Reveja cada uma delas nos links abaixo:

Mês    Tema    Assessor    Datas  
Fevereiro   Introdução    Assista (aqui) 24 de Fevereiro de 2022  
Março    PRIMEIRA PARTE – A PROFISSÃO DA FÉ
Primeira seção   
Padre Abimar    10 e 24 de Março de 2022   

Assista (aqui).

e  

Assista (aqui)   

Abril    PRIMEIRA PARTE – A PROFISSÃO DA FÉ
Segunda seção   
Irmã Sueli    07 e 21 de Abril de 2022   

Assista (aqui)

  

Assista (aqui)

  

Maio     SEGUNDA PARTE – A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO   

Primeira seção   

Pe. Patrick Brandão    05 e 19 de Maio de 2022    

Assista (aqui)

  

Assista (aqui) 

  

Junho    SEGUNDA PARTE – A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO   

Segunda seção   

Dom Armando Bucciol    23 e 30 de Junho de 2022   

Assista (aqui) 

e  

Assista (aqui)  

  

Julho   Seminário Nacional de Catequese      11 a 15 de Julho    

Assista (aqui) 

  

Agosto   TERCEIRA PARTE – A VIDA EM CRISTO   

Primeira seção   

Maria Inês de Castro Millen    

 

04 e 25 de Agosto de 2022   

Assista (aqui)

e

Assista (aqui)

O Catecismo da Igreja Católica (CIC)

O Catecismo da Igreja Católica é uma exposição sistemática da doutrina Católica publicada no ano de 1992. A apresentação do seu conteúdo está organizada em quatro partes, a saber, a fé professada (a explicação do Credo), a fé celebrada (a apresentação da liturgia da Igreja), a fé vivida (a moral ou exigências dos mandamentos) e a fé rezada (a vida de oração da Igreja).

As bases que fundamentam toda essa apresentação são: a Sagrada Escritura, a Tradição Apostólica e o Magistério da Igreja. Esse conteúdo constitui a riqueza do pensamento da Igreja sobre os mais variados assuntos e dimensões da vida da pessoa humana, da Igreja e da sociedade.

Saiba onde adquirir a publicação, pelas Edições CNBB, (AQUI).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/comissao-retoma-em-agosto-serie-de-lives-formativas-sobre-os-30-anos-do-catecismo-da-igreja-catolica/


Sínodo: ecos do encerramento da fase diocesana do processo sinodal 2021-2023

Com o encerramento do prazo para a conclusão da fase diocesana do Sínodo 2023, em 31 de julho, as Igrejas particulares têm promovido celebrações para marcar o exercício de escuta e os passos no sentido da sinodalidade. Em várias partes do Brasil, as paróquias enviaram representantes para concluir a etapa do sínodo iniciada em outubro do ano passado.

Mariana

Na arquidiocese de Mariana, foi realizada uma reunião Pré-Sinodal, no dia 23 de julho, com a participação de cerca de 115 pessoas. O encontro teve como objetivo a apresentação da síntese do processo de escuta realizado nas cinco regiões da arquidiocese. O documento final contempla cinco eixos: Acolhida; Celebração; Comunhão e Participação; Diálogo na Igreja e na Sociedade; e Ecumenismo e Juventude, apresentando os pontos positivos e os desafios partilhados, bem como as inspirações para a caminhada pastoral.

Foto: reprodução/arquidiocese de Mariana

Durante o evento, os presentes puderam, em grupos, discutir sobre a síntese apresentada e refletir, diante do que foi exposto, o que o Espírito Santo ainda suscita para que a arquidiocese de Mariana cresça no caminho da Sinodalidade. As respostas fruto desse momento de diálogo também foram acrescidas ao documento final.

 

Londrina

Na última sexta-feira, 29 de julho, o arcebispo de Londrina (PR) e membro da equipe de animação nacional do Sínodo, dom Geremias Steinmetz, presidiu a missa de encerramento da fase diocesana do Sínodo dos Bispos, na qual foi feito o lançamento do caminho sinodal arquidiocesano. Uma carta pastoral do arcebispo vai iluminar o processo para que, de acordo com dom Geremias, “possamos, de fato, conseguir entrar na história da nossa arquidiocese, perceber passos que já foram dados para que os passos que deveremos dar possam ser sempre mais seguros”.

No início da celebração, a motivação ressaltou que a sinodadlidade “representa a via mestra para a Igreja, chamada a renovar-se sob a ação do Espírito Santo e graças à escuta da Palavra”.

“A capacidade de imaginar um futuro diferente para a Igreja e para as suas instituições à altura da missão recebida depende, em grande medida, da escolha de iniciar processos de escuta, diálogo, discernimento comunitário em que todos e cada um possam participar e contribuir. A escolha de caminhar juntos constitui um sinal profético para a família humana que tem a necessidade de um projeto comum, apto a perseguir o bem para todos”.

Representantes das 84 paróquias da arquidiocese de Londrina depositaram folhas douradas em uma árvore disposta à frente do presbitério, representando o caminho sinodal.

 

Florianópolis

Em Florianópolis, foi realizada uma caminhada, seguida da celebração da missa, neste domingo, dia 31 de julho. A movimentação começou com uma concentração na Igreja Divino Espírito Santo, no centro da capital catarinense. Em seguida, os participantes saíram em procissão até a Catedral carregando consigo cartazes das paróquias e foranias, juntamente com a imagem de Nossa Senhora do Desterro.

Pode ser uma imagem de 5 pessoas, pessoas em pé, rua e estrada
Caminhada antecedeu a missa de encerramento da fase arquidiocesana do Sínodo em Florianópolis | Foto: reprodução/Facebook

“Essa celebração solene é uma resposta a um pedido do Papa Francisco de pedir que essa [conclusão da] etapa diocesana do Sínodo sobre a Sinodalidade fosse uma celebração solene com a participação de toda a diocese. Não foi possível fazer um estádio inteiro, mas temos representação da diocese toda. E os que aqui estão representam os que lá ficaram”, disse o arcebispo de Florianópolis, dom Wilson Tadeu Jönck.

Ele ressaltou que a caminhada sinodal deve motivar o novo e o pensamento para frente, “que faça brotar dentro de nós atitudes cristãs pra lá do que nós já fazemos, que possa surgir também fora de nós essas mesmas atitudes, os sinais da vida cristã naqueles três termos que fomos meditando durante a nossa caminhada: comunhão, participação e missão. E é importante que tenhamos feito essa caminhada. E caminhada sempre nos lembra que a Igreja caminha. A Igreja não está parada, ela caminha à luz da Palavra, ela caminha ao encontro de Deus”.

São Luís do Maranhão

Em São Luís do Maranhão, o arcebispo dom Gilberto Pastana Oliveira, presidiu a celebração de encerramento da fase diocesana, neste domingo, 31 de julho. Foram acolhidos fiéis de todas as 10 Foranias da arquidiocese. O arcebispo ressaltou a alegria deste momento, “por estar participando de um momento sem precedentes na Igreja”.

(Foto: Helton Charles, Pascom Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Pretos, Rosário)
Foto: Helton Charles, Pascom Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Pretos

 

 

Foto de capa: arquidiocese de Florianópolis

Fonte: https://www.cnbb.org.br/sinodo-ecos-do-encerramento-da-fase-diocesana-do-processo-sinodal-2021-2023/


31 de julho: termina o prazo para que as igrejas particulares enviem a síntese da fase diocesana do sínodo 2023

A Equipe de Animação do Sínodo 2023 no Brasil chama a atenção que o prazo final para o envio da síntese diocesana se encerra no próximo dia 31 de julho. No dia 5 de maio, a Equipe divulgou os encaminhamos e as principais orientações para a padronização do formato da síntese diocesana. Trata-se, segundo informe da Equipe, de um material não para padronizar conteúdos, mas para oferecer um suporte tanto às Equipes Diocesanas quanto ao processo subsequente de elaboração da síntese nacional.

Padre Júlio César: “A Síntese Diocesana é um marco do processo do Sínodo”. | Foto: reprodução.

Em discurso por ocasião dos 50 anos do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco frisou que “um aspecto importante do caminho do Sínodo 2021-2023 está na fase diocesana do Sínodo, pois a Igreja particular por sua própria realidade de proximidade com a vida concreta dos fiéis é o lugar para se promover reais experiências de comunhão e participação na missão”.

O membro da Equipe Nacional de Animação no Brasil do Sínodo 2023, padre Júlio César  Resende, destaca que a síntese da fase diocesana do Sínodo não é a conclusão de um caminho mas, antes, um marco deste percurso no qual cada Igreja particular pode reunir em um texto os frutos do discernimento nascido da escuta atenta do povo de Deus.

“As experiências que vêm das dioceses indicam as múltiplas formas que as comunidades encontraram para promover momentos de diálogo, escuta e oração. Este caminho sinodal reforça nossa identidade como Igreja povo de Deus que assume sua responsabilidade batismal e ativamente participa da missão”, avalia.

Recomendações para a elaboração da síntese:

 

A Equipe de Animação do Sínodo 2023 no Brasil elaborou as orientações tendo em conta os materiais indicados pela Secretaria Geral do Sínodo. A Equipe Nacional reforça que a síntese não é o ponto final do processo sinodal na (arqui) diocese, mas uma comunicação de tal processo, que também ajudará a vislumbrar possibilidades futuras advindas de tal experiência sinodal. Como parte do processo sinodal, a Equipe Nacional recomenda que a síntese final da Igreja Local seja tornada pública.

“É importante, portanto, que a síntese seja objetiva, mas abranja a diversidade de opiniões e vozes expressas. Também é interessante recordar que a síntese visa colher e expressar os frutos do processo sinodal de modo que sejam compreensíveis mesmo àqueles que não participaram dele, indicando como o chamamento do Espírito Santo para a Igreja foi compreendido no contexto local”.

O documento oferece ainda orientações sobre a formatação da síntese, a estrutura e o conteúdo (introdução, corpo da síntese e conclusões) e informações sobre como quem deve produzir a sistematização final do documento.

Prazo para o envio da síntese

 

De acordo com a irmã Raquel Colet, que integra o Grupo de Reflexão Ecumênica e Diálogo Inter-religioso (GREDIRE) da CNBB “as sínteses, expressão dos caminhos do Espírito nas Igrejas locais, também comunicam a comunhão eclesial. Por isso, ao propor um percurso metodológico comum, quer-se reforçar as sintonias e singularidades da reflexão do Povo de Deus, favorecendo que estas ecoem nas demais etapas do Sínodo”.

O prazo para envio da síntese diocesana se encerra no próximo dia 31 de julho e o material deverá ser  enviado para a Equipe Nacional de Animação do Sínodo de 2023, no e-mail: sinodo_2023@cnbb.org.br

Para acessar o material clique aqui: Sínodo 2023 – Orientações para as sínteses diocesanas

Saiba mais:
Equipe de Animação do Sínodo 2023 no Brasil divulga orientações para padronização da síntese diocesana – CNBB


Participantes avaliam o “Seminário CNBB 70 anos” no contexto do ano jubilar de comemoração de 7 décadas da conferência

Terminou na manhã desta quinta-feira, 28 de julho, o “Seminário CNBB 70 anos”. O foco da reflexão hoje foi a “Campanha da Fraternidade e as perspectivas pastorais”. Em seus três dias de programação, cujo início se deu na segunda-feira, 26 de julho, o evento reuniu 117 participantes, entre bispos, agentes de pastorais, representantes dos regionais e conferencistas em torno ao lema do ano jubilar: ‘CNBB 70 anos: comunhão, participação e missão’.

Segundo o secretário-executivo  do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (INAPAZ) da CNBB e um dos coordenadores da atividade, padre Danilo Pinto, o seminário foi uma “oportunidade de refletir como bispos, lideranças e inteligências pastorais contracenaram permitindo que a CNBB, consciente da sua identidade, desempenhasse o seu papel, indispensável e intransferível, junto à Igreja no Brasil e à sociedade brasileira ao longo destes 70 anos”.

A irmã Noêmia Terezinha Schneider, da diocese de Teixeira de Freitas (BA), classificou o seminário como muito bom no sentido de ajudá-la a aprofundar a dimensão pastoral do trabalho que desenvolve em sua diocese e na Conferência Nacional dos Religiosos. “O seminário abriu uma perspectiva diferente, nova, mais clara e objetiva da proposta de trabalho da Conferência que nasce inspirada pelas decisões do Concílio Vaticano II”, disse. A irmã dirigiu seus parabéns à toda equipe de organização e à CNBB, organização com a qual disse estar em sintonia pastoral desde a sua juventude.

História que aponta para a Esperança


O bispo da diocese Erexim (RS), dom Adimir Antonio Mazali, deu destaque para o tema: “
A CNBB e a construção da Democracia”,  abordado no segundo dia do seminário. De acordo com ele, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal(STF), fez uma apresentação muito importante e demonstrou lucidez em relação à realidade social brasileira numa visão de quem está também como cristã vivendo as pressões em relação à situação política do Brasil. “Ela reconheceu o papel da CNBB e da Igreja no Brasil como um todo na construção de uma nova sociedade, destacando especialmente o papel da entidade na conscientização para uma sociedade democrática”, observou.

O bispo enalteceu também a fala do arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, no segundo dia do seminário. “Dom Walmor destacou os elementos importantes para a caminhada da Igreja no Brasil como a formação integral, a comunicação e o diálogo social e a gestão pastoral. Segundo o prelado, estes são elementos que  ajudam a compreender a fé como experiência. “Uma Igreja que, pela fé em Cristo, procura caminhar para a realização de sua missão de modo sinodal. Dom Walmor reforçou que a CNBB tem um papel de promover a comunhão entre os bispos mas também de todo o povo de Deus no Brasil”, disse.

Um dos mais jovens participantes do seminário, catequista na arquidiocese de Fortaleza (CE), Yves de Oliveira Fernandes Guimarães, também considerou especial a fala da ministra Cármen Lúcia, do STF. O jovem teve a oportunidade de formular uma pergunta para a magistrada sobre a caminhada da CNBB e do STF com as novas gerações de brasileiros. “De modo inspirador, a fala da Ministra uniu conteúdo e fé, conferência e testemunho, o que me fez vislumbrar um futuro de mais consciência e justiça para o nosso país, abrindo um espaço de maior colaboração com a CNBB e com a juventude, que é presente para o hoje e para o amanhã”, apontou.

Ele disse que o seminário o ajudou a concluir que a história que a CNBB tem escrito ao longo de 70 anos é a de encarnar o Evangelho da presença e da Esperança. “Assistimos conferências e testemunhos de homens e mulheres que servem à Igreja do Brasil e à sociedade brasileira orientados pelo seguimento de Jesus”, concluiu.

Atividade final do Seminário CNBB 70 anos

Na noite desta quinta-feira, 28 de julho, às 19h, o evento será encerrado com um Painel Geral, com transmissão aberta pelo canal de Youtube da CNBB, no qual será apresentado, pelo bispo auxiliar do Rio Janeiro e professor da PUC Rio, dom Antônio Luís Catelan Ferreira, o relato e a síntese final do seminário.

Acompanhe aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=Vdi0s-trcw8&feature=emb_title


CNBB apresenta o cartaz da Campanha da Fraternidade 2023

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a identidade visual da Campanha da Fraternidade 2023, que tem como tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). O concurso seguiu as orientações do edital e o parecer final para a escolha coube ao Conselho Permanente da CNBB. O cartaz escolhido foi produzido por Luiz Lopes Jr., de Brasília (DF).

“Vemos no cartaz o mapa do Brasil, país considerado o celeiro do mundo, mas que carrega uma grande contradição: a fome é real e atinge hoje cerca de 33,1 milhões de Brasileiros. Em destaque contemplamos as mãos que repartem e dão vida a solidariedade guiada pela fé. O arroz e o feijão, alimento do povo, passam pelas mãos de homens e mulheres que sabem que a solução do problema da miséria e da fome não está somente nos recursos financeiros mas na vida fraterna. Ninguém deve sofrer com a fome quando realmente vivemos como irmãos e irmãs. Eis o convite: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)”.

Baixe (aqui) o cartaz.

Oração da CF 2023

Também foi aprovada pelos bispos do Conselho Permanente a oração da Campanha da Fraternidade 2023:

Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo,
vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém

 

A CF 2023

Pela terceira vez a fome é tratada pela Igreja no Brasil, na Campanha da Fraternidade. A primeira foi em 1975, com o tema ‘Fraternidade é repartir’ e o lema Repartir o pão’, no clima do Ano Eucarístico que precedeu o Congresso Eucarístico Nacional de Manaus, que trazia o mesmo tema e lema e desejava intensificar a vivência da Eucaristia em nosso povo. A segunda foi em 1985, outro Ano Eucarístico, desta vez em preparação para o Congresso Eucarístico de Aparecida, com o lema ‘Pão para quem tem fome’.

Agora, em 2023, logo depois do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizará em Recife, de 11 a 15 de novembro de 2022, sob o tema ‘Pão em todas as mesas’, a Igreja no Brasil enfrenta pela terceira vez o flagelo da fome. Com o lema que é uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

“É vocação, graça e missão da Igreja responder ao chamado e cumprir a ordem de Jesus, afirmamos no contexto do 3º Ano Vocacional que viveremos a partir de novembro deste ano. A fome é um instinto natural de sobrevivência presente em todos os seres vivos. Contudo, na sociedade humana, a fome é uma tragédia, um escândalo, é a negação da própria existência”.


Conheça a nova coordenação nacional da Pascom para os próximos 4 anos

A coordenação é formada pelos comunicadores Marcus Tullius, reconduzido ao cargo de coordenador-geral, pela vice-coordenadora Janaína Gonçalves e pelo secretário-geral, Alex Ferreira.

  • 27 de julho
  • por Redação Pascom Brasil

 

Durante o 7º Encontro Nacional da Pascom, foi apresenta a nova coordenação da Pascom Brasil para o período 2022-2026. A equipe é formada pelo coordenador-geral reeleito para mais um mandato, Marcus Tullius, pela vice-coordenadora Janaina Gonçalves, atual coordenadora da Pascom-Regional Leste 2, ambos de Belo Horizonte (MG), e pelo secretário-geral, Alex Ferreira, também coordenador da Pascom no Regional Nordeste 1, do Ceará. O anúncio foi feito pelo presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Joaquim Mol, que também agradeceu à Patrícia Luz pelo exercício da função de secretária-geral nos últimos quatro anos.

O processo de eleição aconteceu na sexta-feira, 22, durante a reunião anual de coordenadores regionais, assessores eclesiásticos e bispos referenciais. Os presentes, após avaliação da caminhada nos últimos quatro anos, fizeram votação em lista tríplice, que foi posteriormente avaliada e confirmada pelos membros da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB. Após a eleição da coordenação em 2018, o grupo elaborou um regimento que foi utilizado pela primeira vez. Além da formação de lista tríplice, uma das novidades é a ampliação da equipe com o cargo de vice-coordenação.

Coordenadores regionais, assessores eclesiásticos e bispos referenciais presentes na Reunião anual da Coordenação Nacional da Pascom, no mosteiro de Itaici (Créditos: Márcia Marques)

Pedimos aos novos membros da coordenação para que se apresentassem e colocassem também as suas expectativas para esta missão.

 

Marcus Tullius, um coordenador já conhecido 

Pasconeiro há 10 anos, apaixonado por rádio, tv, música e literatura, Marcus Tullius é mestrando em Comunicação Social: Interações Midiatizadas, pela PUC Minas. Na Pascom, atuou na esfera paroquial e na equipe de articulação da Pascom na Arquidiocese de Vitória. Foi coordenador do Regional Leste 2 entre os anos de 2015 e 2019. Foi escolhido como primeiro coordenador-geral da Pastoral da Comunicação, em 2018. É membro do Grupo de Reflexão sobre Comunicação da CNBB (Grecom CNBB) e da equipe de comunicação do Anima PUC Minas. É licenciado em Filosofia e bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda. Atuou como gerente de conteúdo e apresentador da Tv Pai Eterno, na equipe de Comunicação e Marketing da Arquidiocese de Vitória, na Rede Católica de Rádio (RCR Espírito Santo). Membro da Signis Brasil (Associação Católica de Comunicação). Autor do livro Esperançar: a missão do agente da Pastoral da Comunicação, pela editora Paulus e apresentador do programa Igreja Sinodal, em emissoras de inspiração católica.

Sobre a sua recondução como coordenador-geral, Marcus expressou que acredita que os processos são mais importantes do que os resultados e que é saudável a renovação das lideranças eclesiais.

Acolhi com gratidão e desafio o desejo dos coordenadores para que eu continuasse pelos próximos quatro anos, na certeza de que os próximos quatro anos serão diferentes dos primeiros já percorridos. Conheço melhor a realidade e junto com os novos membros poderemos pensar respostas necessárias para as perguntas deste tempo. Estávamos no mosteiro de Itaici, um espaço convidativo à espiritualidade, sob os cuidados dos jesuítas, então abracei a coordenação como experiência de ‘em tudo, amar e servir'”, destacou.

Janaína Gonçalves, a primeira vice-coordenadora da Pascom Brasil

Janaína Gonçalves atua na Pascom desde 2012, incentivada pelo Padre Edecildo Prado e por Dom Joaquim Mol. Atua como Pastoralista para a Comunicação na Região Episcopal Nossa Senhora da Esperança (RENSE), na Arquidiocese de Belo Horizonte. É formada em jornalismo e mestra em Ciências da Religião, pela PUC Minas. É especialita em Mídias Eletrônicas (UNI BH), especialista em Comunicação e Evangelização na Era Digital (FAJE), especialista em Mídias Sociais Digitais (PUC Minas), especialista em Teologia Pastoral (PUC Minas) e aluna da Escola de Comunicação da Pascom Brasil, no curso de Fundamentos da Pastoral da Comunicação.

Sobre a missão de vice-coordenadora, Janaína descreve:

“Hoje me vejo rodeada de atividades, tarefas, cursos, deveres, desafios, mas também encontro ao meu redor o mais puro sentimento de confiança naquilo que faço! Quando vi a escolha do meu nome para a vice-coordenadora da Pascom no Brasil foi uma mistura de alegria e uma “pitada” de medo. Só que esse medo foi embora logo, afinal, por mais que eu tenha este sentimento de vez em quando, ele não fica por tanto tempo. Tento converter este medo em esperança, confiança, assertividade e perseverança. Quando olhei para o lado e vi Marcus Tullius como coordenador e o Alex como secretário….ah….só respirei fundo e tive a certeza de que vai ser um trio de “parada dura”. Uma trindade…Uma sequência…saberes diversos para enriquecer nossos próximos caminhos!”

Conheça o secretário-geral, Alex Ferreira

Alex Ferreira é coordenador da Pascom no Regional Nordeste 1 da CNBB, que compreende as dioceses do estado do Ceará. É licenciado em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino. Atua na Pascom desde 2010. Ex-coordenador e atual assessor da Pascom da Região Episcopal Nossa Senhora da Assunção, ex-coordenador e atual secretário da Pascom da Paróquia Nossa Senhora das Graças, membro da coordenação da Pascom na Arquidiocese de Fortaleza e membro honorário da Pascom da Diocese de Itapipoca.

Sobre a missão assumida, Alex manifesta um sentimento de alegria e gratidão.

“Sou apaixonado pelo trabalho da Pascom em todas as suas esferas: paroquial, arquidiocesano, regional e nacional. Acredito no poder da organização para conseguimos os objetivos sonhados. O desafio é grande, substituir uma pessoa tão eficiente como a Patrícia Luz, mas conto com o apoio de tantos. Vamos continuar trilhando os caminhos do avanço”, afirmou.

Fonte: https://pascombrasil.org.br/conheca-a-nova-coordenacao-nacional-da-pascom-para-os-proximos-4-anos/


Papa: a Igreja precisa de cura. Com Jesus, concretizar a "revolução do amor"

"Todos nós, como Igreja, precisamos de cura: ser curados da tentação de nos fecharmos em nós mesmos, de escolhermos a defesa da instituição em vez da busca da verdade, de preferirmos o poder mundano ao serviço evangélico”: palavras do Papa ao realizar um dos gestos mais simbólicos de sua visita ao Canadá, presidindo à peregrinação ao Lago de Santa Ana.

Vatican News – Bianca Fraccalvieri

Na tarde desta terça-feira, o Papa Francisco realizou uma das etapas mais significativas de sua viagem apostólica ao Canadá: a peregrinação ao lago de Santa Ana, a cerca de 70 Km de Edmonton.

Ouça a reportagem completa com a voz do Papa Francisco

No dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica dos avós de Jesus, o Pontífice presidiu à Liturgia da Palavra no local que é meta de uma tradicional peregrinação católica desde o final do século XIX. Todos os anos, milhares de peregrinos oriundos do norte dos Estados Unidos e do Canadá se dirigem ao lago para se banharem nas águas consideradas sagradas e milagrosas.

Os povos nativos o denominaram “Lago de Deus” e “Lago do Espírito”, mas foi um sacerdote católico, dos Oblatos de Maria Imaculada, a estabelecer a primeira missão e batizar o local como “Lago de Santa Ana”. A primeira peregrinação foi organizada pelo Oblatos em 1889 e desde então, na semana do dia 26 de julho, festa de Santa Ana, se tornou um dos encontros mais importantes da região.

A igreja original foi destruída por um incêndio em 1928 e reconstruída em 2009. Ali, o Pontífice foi acolhido pelo pároco, pelo sacerdote encarregado das peregrinações e por alguns fiéis. A bordo de um veículo elétrico, Francisco passou ao lado da imagem de Santa Ana, acompanhado pelos sons tradicionais dos tambores. Às margens do lago, fez o sinal da cruz direcionado aos pontos cardeais, segundo o costume indígena, e abençoou as águas do lago.

 

Revolução sem mortos nem feridos

Em sua homilia, o Papa evocou outro lago, que nos remete às “fontes da fé”, que é o Mar da Galileia, onde Jesus pregou o Reino de Deus. Mas não só, ali o Mestre anunciou algo revolucionário: «oferecei a outra face, amai os inimigos». O lago “tornou-se a sede de um inaudito anúncio de fraternidade; de uma revolução sem mortos nem feridos, a revolução do amor”.

Por isso, as águas de Santa Ana nos recordam que “a fraternidade é verdadeira se une os distantes, que a mensagem de unidade que o Céu envia à terra não teme as diferenças e convida-nos à comunhão, a recomeçar juntos, porque todos somos peregrinos a caminho”.

Às margens do lago, o Pontífice levou "a nossa aridez e as nossas fadigas", os traumas das violências sofridas pelos nossos irmãos e irmãs indígenas e os terríveis efeitos da colonização, a dor indelével de tantas famílias, avós e crianças.

Mães e avós ajudam a sarar as feridas

Francisco fez uma menção ao papel vital das mulheres nas comunidades indígenas e recordou de sua própria avó, de quem recebeu o primeiro anúncio da fé e aprendeu como se transmite o Evangelho, mediante a ternura e a sabedoria da vida. “Sim, porque as mães e as avós ajudam a sarar as feridas do coração.”

Se na América Latina foi Nossa Senhora de Guadalupe que transmitiu a reta fé aos indígenas durante “a tragédia da conquista”, no Canadá esta "inculturação materna" deu-se por obra de Santa Ana, unindo a beleza das tradições indígenas à da fé e plasmando-as com a sabedoria de uma avó, que é mãe duas vezes.

De fato, a dor da comunidade indígena é porque as avós indígenas foram impedidas de transmitir a fé na sua língua e na sua cultura. "Uma tragédia", definiu o Papa.

Por isso, todos nós, como Igreja, precisamos de cura: precisamos “ser curados da tentação de nos fecharmos em nós mesmos, de escolhermos a defesa da instituição em vez da busca da verdade, de preferirmos o poder mundano ao serviço evangélico”.

O clamor dos últimos

É hora também de ouvir os gritos dos últimos: o clamor dos idosos, que correm o risco de morrer sozinhos, o grito de adolescentes, que delegam a sua liberdade a um celular ou às dependências. E nos questionar: somos capazes de responder a esses gritos? Ao grito das periferias e dos indígenas.

“Queridos irmãos e irmãs indígenas, vim como peregrino também para lhes dizer quão preciosos são para mim e para a Igreja. Desejo que a Igreja esteja tão unida. Que o Senhor nos ajude a avançar no processo de cura, rumo a um futuro sempre mais sadio e renovado.”

 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-07/papa-francisco-peregrinacao-lago-santa-ana-canada.html


Carta de 25 anos da campanha “de olho aberto para não virar escravo” aponta aumento, em 2021, da prática no Brasil

Às vésperas do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico Humano, celebrado em 30 de julho, a Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo, da CPT, lança carta para a sociedade, rememorando o seu longo histórico de caminhada e luta no enfrentamento ao trabalho escravo no Brasil.

O conceito de tráfico de pessoas segundo o Protocolo de Palermo, adotado em Nova York no dia 15 de novembro de 2000,  do qual o Brasil é signatário, significa recrutar, transportar, alojar, transferir ou acolher pessoas, recorrendo a ameaças ou uso da força ou outras formas de coação, abusos e situações de vulnerabilidade com entrega de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. Em resumo o conceito geral sobre tráfico humano, consiste no ato de comercializar, escravizar e explorar pessoas como se fossem mercadorias. Ainda que haja consentimento por parte da vítima, estes atos são classificados como crime. No Brasil, desde 2016 existe a Lei Federal nº 13.344/2016, que além de definir o tráfico de pessoas garante a reinserção das vítimas na sociedade.

A carta que relembra os 25 anos da Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo foi escrita durante um encontro, em São Félix do Araguaia (MT), de 13 a 15 de julho, que reuniu 45 pessoas lideranças que celebraram o aniversário da campanha: ‘De Olho Aberto Para Não Virar Escravo’. Com a participação de diversas organizações, dentre as quais a CPT, que organiza o encontro, foram partilhadas experiências e debatidos objetivos e estratégias da Campanha.

“De 2003 a 2013, foram encontradas, a cada ano, em média, quatro mil pessoas em situação de Trabalho Escravo, maioria delas no campo. A partir de 2014, e durante sete anos, este número ficou bem menor: “apenas” mil resgatados por ano, como se tivesse recuado a realidade da escravidão ou houvessem desaparecido as vulnerabilidades que expõem determinados grupos ao risco de Trabalho Escravo. (…) Desde 2021, há sinais inequívocos para desmentir a hipótese do declínio do Trabalho Escravo. Todos os estados do país são afetados. Cerca de duas mil pessoas foram resgatadas no ano passado, e já estamos neste final de julho beirando a mil pessoas”, aponta o documento.

“De volta a São Félix do Araguaia, entre 13 e 15 de julho de 2022, para comemorar estes 25 anos, lembramos aqui perto, em Vila Rica, a primeira pedra daquilo que se tornou a “Campanha Nacional da CPT contra o Trabalho Escravo”, alcunhada com esse lema hoje tão atual quanto naquela época: “De Olho Aberto Para Não Virar Escravo!”.

Carta da CPT nos 25 anos da Campanha nacional de prevenção e combate ao Trabalho Escravo

De olho aberto para não virar escravo, 25 anos: a luta continua!

Escrita em São Félix, nas margens do rio Araguaia, esta carta à sociedade e à querida CPT é a atrevida filha daquela outra Carta: a de Pedro Casaldáliga, primeiro bispo daquelas bandas, até então morada de povos indígenas – Xavantes, Karajá, Tapirapé, e de sertanejos, entre os quais muitos peões ou “amansadores de mata”. Nos idos de 1971, de cara com a violência da Ditadura Empresarial-Militar e com a petulância do Capital embrenhado com todo fôlego nas terras desta porção da Amazônia, tornada refém do agronegócio, Pedro lançou profética denúncia e escancarou para o mundo, com rigorosa minúcia, um sistema de lucro movido a escravização de gente e matança da Mãe Natureza, com base no roubo, na grilagem, no aliciamento, na tortura, na discriminação, no racismo etc.

Atrevida filha e grata discípula do evangélico apelo de Pedro!

De volta a São Félix do Araguaia, entre 13 e 15 de julho de 2022, para comemorar estes 25 anos, lembramos aqui perto, em Vila Rica, a primeira pedra daquilo que se tornou a “Campanha Nacional da CPT contra o Trabalho Escravo”, alcunhada com esse lema hoje tão atual quanto naquela época: “De Olho Aberto Para Não Virar Escravo!”.

Nacional, esta Campanha tomou pé, sim, em todas as grandes regiões em que atua a CPT, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, escancarando para o mundo o negacionismo então instalado em Brasília e provocando a gradual construção de políticas públicas e estratégias de enfrentamento que sequer atuais poderes, também e novamente negacionistas, deram conta de demover: Grupo Móvel de Fiscalização, conceito claro do que é Trabalho Escravo, Lista Suja, Planos de Erradicação estaduais e nacional, Fluxo Nacional de Atendimento a Vítimas, instâncias de monitoramento (CONATRAE, COETRAE’s), ações nas cadeias de fornecimento etc. Objetos de denúncia pela CPT perante o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, os casos “José Pereira” e “Fazenda Brasil Verde”, que estampavam a criminosa omissão do Estado, foram etapas emblemáticas neste percurso, geraram decisiva jurisprudência.

Reunidos em São Félix do Araguaia, acolhemos com alegria, neste ato de memória e compromisso, agentes, parceiros/as e amigos/as da Campanha, bem como trabalhadores e trabalhadoras, todos partícipes desta auspiciosa caminhada, inspirada pela promoção da vida, pela defesa da dignidade e da liberdade humanas, pelo apego à justiça e ao respeito a “todos os direitos para todos e para todas”. Não esquecemos daqueles que alimentaram este sonho em luta, ao longo destes 25 anos. Como Pedro, neste momento, “abrimos nosso coração cheio de nomes”. Lembramos especialmente das cerca de 60 mil pessoas, com nome e identidade que, resgatadas do Trabalho Escravo a partir de 1995, voltaram a se verem “como gente”. Pensamos ainda em tantas outras milhares de pessoas que, pelo trabalho assíduo das nossas equipes na prevenção, na acolhida, na formação e na mobilização, deixaram de ser submetidas à escravidão.

De 2003 a 2013, foram encontradas, a cada ano, em média, quatro mil pessoas em situação de Trabalho Escravo, maioria delas no campo. A partir de 2014, e durante sete anos, este número ficou bem menor: “apenas” mil resgatados por ano, como se tivesse recuado a realidade da escravidão ou houvessem desaparecido as vulnerabilidades que expõem determinados grupos ao risco de Trabalho Escravo. Ora, todos sabemos que foi exatamente o contrário que ocorreu: foram desastrosos os efeitos da reforma trabalhista, da flexibilização e do libera-geral imposto pelo Estado, o corte dos orçamentos, a explosão do desemprego, a pejotização e a uberização maquiadas em empreendedorismo e, por último, a pandemia. Desde 2021, há sinais inequívocos para desmentir a hipótese do declínio do Trabalho Escravo. Todos os estados do país são afetados. Cerca de duas mil pessoas foram resgatadas no ano passado, e já estamos neste final de julho beirando a mil pessoas!

O Trabalho Escravo existe, sim! E nosso grito segue imprescindível. Estamos ainda longe de ter alcançado a meta assumida: a erradicação do Trabalho Escravo. Muitas vezes com novas roupas, mas sempre repetindo os piores atributos da degradação e da humilhação, este crime – uma das manifestações mais visíveis do Tráfico de Pessoas – é ainda brandamente punido e continua tripudiando sobre a dignidade de milhares de trabalhadores/as “escravos/as da precisão”: no campo e na cidade, migrantes e imigrantes, homens negros em sua grande maioria, também mulheres (ainda que invisibilizadas, especialmente no trabalho doméstico), adolescentes, idosos, indígenas, quilombolas.

A escravidão moderna perdura, pois perdura o sistema que, com ela, alimenta seus lucros insaciáveis, beneficiando-se da proteção de políticas cúmplices, como de políticos sócios das violações que quase sempre convivem com o Trabalho Escravo, especialmente nos territórios apropriados pelo agronegócio: grilagem de terra, desmatamento e destruição ambiental, crime organizado, garimpo e mineração ilegais, envenenamento (de terras e territórios), destruição dos ecossistemas, discriminação, racismo (sim! ainda hoje, escravidão tem cor!).

A experiência da Campanha ensina que resgatar do Trabalho Escravo não erradica o sistema da escravidão. As raízes deste crime são múltiplas e interconectadas, exigindo uma abordagem integral, com ações articuladas desde o local onde se constroem as vulnerabilidades que conduzem suas vítimas até a migração de risco e ao Trabalho Escravo, na ausência de qualquer alternativa. Pela sua transversalidade, o Trabalho Escravo está, portanto, ao alcance dos muitos campos em que a Comissão Pastoral da Terra atua no dia a dia: terra, água, direito – este foi umas das conclusões importantes do encontro.

Nosso trabalho continuará calcado nas metodologias da Educação Popular, avançando na escuta dos/as sujeitos/as que estão na base da resistência, da denúncia e do enfrentamento, bem como da construção de alternativas de vida digna.

Em Campanha permanente, seguiremos nessa luta. Continuaremos a abrir o olho, incentivar a vigilância, ampliar e adequar nossas ações, apoiando a organização comunitária e a atuação em rede, cobrando políticas públicas que não apenas sirvam para mitigar, mas consigam chegar até as raízes do sistema escravagista “moderno”, o sistema do capital século XXI.

Colabore! Participe! Com a bênção de (são) Pedro Casaldáliga “presente” nestes mesmos dias de Romaria dos Mártires da Caminhada, em Ribeirão Cascalheira – MT! Essa luta continua!

São Félix do Araguaia, 15 de julho de 2022.

CPT – Campanha De Olho Aberto Para Não Virar Escravo

Com informações e foto: www.cptnacional.org.br

 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/carta-de-25-anos-da-campanha-de-olho-aberto-para-nao-virar-escravo-aponta-aumento-em-2021-da-pratica-no-brasil/


Quebec: moradores seguem o Papa por telões gigantes em parque histórico da cidade

Francisco chega nesta quarta-feira (27) em Quebec e parte da população vai poder acompanhar o deslocamento do Pontífice através de telões em uma programação paralela no parque urbano das Planícies de Abraão. Além disso, o local vai receber a delegação dos autóctones de "Puamun Meshkenu", que irão percorrer 275 km para chegar ao parque.

 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco parte para a segunda etapa da peregrinação penitencial no Canadá quando chega em Quebec nesta quarta-feira (27). A população local vai acompanhar o deslocamento do Pontífice através de telões gigantes instalados nas Planícies de Abraão, ao longo de um planalto acima do Rio Lourenço. O local, uma área histórica dentro do Parque The Battlefields onde aconteceu a batalha de 1759 que provavelmente leva o nome do pescador Abraham Martim, hoje é usado por milhares de turistas todos os dias para concertos, festivais, atividades esportivas e de lazer.

Caminhando Juntos

Os moradores, assim, poderão acompanhar a chegada do Papa no Aeroporto Internacional de Quebec, quando será acolhido por autoridades; e também o discurso de Francisco na cerimônia de boas vindas na Cidadela de Quebec, onde estarão reunidos o primeiro-ministro do país Justin Trudeau, a governadora geral Mary May Simon,  autoridades civis, representantes das populações indígenas e o corpo diplomático.

Com a chegada do Pontífice, o parque urbano - com entrada gratuita - também vai oferecer uma programação paralela com animação cultural temática durante toda a tarde desta quarta-feira (27). Está prevista a participação de artistas indígenas e não indígenas, francófonos e anglófonos, de uma grande variedade de origens culturais e espirituais. Cada um a sua maneira dará o testemunho do encontro no coração da sociedade, ilustrando bem o tema do evento: "Walking Together: Hope for Reconciliation", ou seja, "Caminhando Juntos: Esperança de Reconciliação".

Segundo os organizadores - que também fazem parte do comitê da visita do Papa ao Canadá - o evento será vivido de maneira sóbria, num espírito de consciência sobre a questão da reconciliação, em solidariedade com os sobreviventes das escolas residenciais. Na temática dos shows, repertórios sobre fraternidade, canções ligadas à conexão com a natureza com o ritmo dado pelos tradicionais tambores, celebrações de paz pela improvisação vocal e poesia.

Marcha pela Cura

O destaque da programação, além da chegada do Papa Francisco a Quebec, será para os caminhantes de "Puamun Meshkenu". Eles estão percorrendo cerca de 275 km para chegar até as Planícies de Abraão nesta quarta-feira (27), onde serão recebidos. No palco principal, a delegação vai testemunhar a experiência do percurso intitulado "Marcha pela Cura" e falar sobre o objetivo comum de cura e reconciliação.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2022-07/papa-francisco-quebec-teloes-da-visita-planicies-abraao.html