Dom Volodemer Koubetch fala sobre a Igreja Católica Ucraniana e a guerra na Ucrânia
O Paraná abriga a maior comunidade de descendentes ucranianos do Brasil. São aproximadamente 600 mil pessoas, das quais mais de 90% são católicas. Sendo assim, para atender essa população, é natural que no Paraná estejam as sedes duas Eparquias Ucranianas: a Metropolia São João Batista, em Curitiba (PR), e a Eparquia Imaculada Conceição, em Prudentópolis (PR). Elas fazem parte da Igreja Católica como uma Igreja Particular, uma Diocese, e seus bispos integram a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mais particularmente, o regional Sul 2.
Diante da situação dramática de guerra que a Ucrânia vive, o regional Sul 2 da CNBB divulgou uma entrevista com o arcebispo da Metropolia São João Batista, dom Volodemer Koubetch, sobre a Igreja Católica Ucraniana no Brasil, sua organização, as características dos seus fiéis e sobre como estão vivendo esse momento triste de sua história.
Dom Volodemer, como se organiza a Igreja Católica de Rito Bizantino Ucraniano aqui no Brasil?
Hoje, nós temos duas Eparquias: a Eparquia Imaculada Conceição, em Prudentópolis-PR, criada em 2014, e a Arquieparquia São João Batista, ou Metropolia como a denominamos, com sede em Curitiba-PR. A Eparquia São João Batista já tem 50 anos de história e foi elevada a Arquieparquia, ou Metropolia, em 2014, com a criação da Eparquia em Prudentópolis. A maioria das nossas paróquias está aqui no Paraná, mas temos também uma paróquia na Zona Leste da cidade de São Paulo e três paróquias no norte de Santa Catarina.
Somos uma Igreja Greco Católica Ucraniana, que hoje é governada pelo Arcebispo Maior Dom Sviatoslav Shevchuk, com sede na capital da Ucrânia, Kiev. Mas, como Católicos somos submissos ao Bispo de Roma, o Papa, e aqui no Brasil, pertencemos à CNBB, tendo maior contato e colaboração aqui no Regional Sul 2.
Como o senhor recebeu a notícia dessa guerra que se iniciou na Ucrânia?
A gente recebeu com muita tristeza. Tristeza é a melhor palavra para expressar o sentimento deste momento tão dramático para a Ucrânia e para o mundo. Até o Papa Francisco, em seu apelo, usou a palavra tristeza. Mas, com esse sentimento vem outros de dúvida, de medo, de angústia, de decepção, de indignação, de revolta. É um momento chocante e muito dramático para o povo ucraniano e para toda a humanidade.
Tivemos notícias de que nosso Arcebispo Maior, dom Sviatoslav Shevchuk, junto com outros sacerdotes, teve que se esconder no subsolo da Catedral da Ressurreição, em Kiev, quando começaram os bombardeios. Até achávamos que, com essa crise, ele iria fugir para Roma ou outro lugar, mas ele decidiu ficar e pediu para que todas as igrejas permanecessem abertas para acolher as pessoas que vierem buscar ajuda.
Quais os interesses por trás dessa Guerra?
É poder, é dinheiro, é influência. Os analistas, especialistas e historiadores tem dito que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pretende restaurar o império da antiga União Soviética, que tem uma história ainda mais antiga, o Império Russo. É isso que Putin quer: influência, poder, territórios. Ele quer de volta todos aqueles territórios que pertenciam à antiga União Soviética e quer evitar que a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se estendam mais, por isso quer evitar a todo custo que a Ucrânia entre para a Otan e a União Europeia.
O povo ucraniano já passou por outras guerras e isso o caracteriza como um povo de resistência
Sim, é um povo de resistência, de sofrimento que vem de longa data, que já sofreu muito durante a guerra, que teve muita gente eliminada. Depois, é um povo que sofreu nos países de imigração. As coisas não foram fáceis em nenhum lugar, mesmo em países desenvolvidos como o Canadá e os Estados Unidos, os ucranianos sofreram. Porém, como é um povo resistente, forte, de luta e de fé, eles conseguiram evoluir na vida, prosperaram, tanto é que hoje em dia a maioria tem um nível bom de vida, inclusive aqui no Brasil. É um povo resistente e de muita fé.
Outra característica forte é que o povo ucraniano conserva ao máximo a sua cultura, inclusive o idioma ucraniano, que é a mais difícil e complicada. Mas os demais aspectos são mantidos naturalmente, a culinária, o bordado, a pessanka (ovos coloridos, pintados à mão), a iconografia, as danças folclóricas. Também o rito da missa, a Divina Liturgia, é conservado, conforme as exigências canônicas. Quanto à língua, a Divina Liturgia é celebrada em ucraniano, mas, conforme as situações de domínio da língua, ela pode ser celebrada integralmente ou algumas partes em português.
O que a Igreja Católica Ucraniana no Brasil tem feito para demonstrar proximidade ao povo ucraniano?
O que se tem feito é pelo lado da fé e das manifestações populares. Pelo lado da fé, é o contato quanto possível, a proximidade, dar apoio moral e as orações. As manifestações populares são de cunho religioso, cultural e civil, como a que aconteceu na noite de sexta-feira, 25, no Memorial Ucraniano, em Curitiba. É isso o que a gente pode fazer. Eu já mandei uma mensagem ao nosso arcebispo maior dom Sviatoslav Shevchuk e isso repercutiu muito positivamente lá. As pessoas, os fiéis, os bispos, sentem esse apoio moral, diante dessa grande provação que vivem.
A próxima Assembleia dos Bispos do Paraná, nos dias 13 a 15 de março, acontecerá na Colônia Marcelino, em São José dos Pinhais-PR. Esse, certamente, será um momento significativo para a Igreja Católica Ucraniana
Será muito significativo. Primeiro, por valorizar aquela comunidade que é histórica. Estamos celebrando o centenário da visita do Metropolita Andrey Sheptytsky, que foi um dos líderes mais importantes da Igreja Católica Ucraniana, tanto no sentido eclesial quanto civil na Ucrânia, e ele passou pela Colônia Marcelino. Também estamos celebrando os 50 anos de fundação da Eparquia São Batista (desde 2014, Metropolia). Com isso, essa Assembleia dos Bispos terá um sentido histórico profundo, pois vai valorizar a comunidade ucraniana e terá um grande sentido de eclesialidade. Neste tempo sinodal, será uma manifestação de grande sinodalidade na Igreja do Paraná, entre a Igreja Católica Latina e a Igreja Católica Ucraniana. É um momento de alta beleza espiritual e de um testemunho cristão para a própria Igreja, para a sociedade e o mundo de hoje, que precisa de união, solidariedade, fraternidade e, principalmente, de paz.
Oração e jejum: o apelo do Papa Francisco
A guerra é uma coisa diabólica e para vencer satanás, vencer o mal, como disse Jesus aos apóstolos, é só com oração e jejum (cf. Mt 17,21). Então, o Papa Francisco, como tem um senso muito concreto e muito prático da vida e da espiritualidade cristã, está recomendando isso num dia que já é de penitência, de oração e de jejum. Ele está pedindo isso a toda a Igreja, nesse contexto de conflito e de guerra lá na Ucrânia atacada pela Federação Russa.
Fonte: Dom Volodemer Koubetch fala sobre a Igreja Católica Ucraniana e a guerra na Ucrânia - CNBB
Saiba quais são os materiais da CF 2022 que estão disponíveis para download
Os materiais da Campanha da Fraternidade 2022, com o tema “Fraternidade e Educação” e o lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor” já estão disponíveis para serem baixados e/ou acessados no site das Campanhas da CNBB.
A presidência da CNBB justifica, na apresentação do texto-base da CF, que se trata de uma campanha que, mais do que abordar outro aspecto específico da problemática educacional, vai refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã.
Nessa perspectiva, a educação é compreendida não apenas com um ato escolar, com transmissão de conteúdo ou preparação técnica para o mundo do trabalho, mas de um processo que envolve uma “comunidade” ampliada que inclui todos os atores (família, Igreja, Estado e sociedade).
Saiba quais são os materiais da CF 2022 que estão disponíveis para download:
Identidade visual
Pensando a educação em todos os âmbitos da vida, a identidade visual da Campanha da Fraternidade de 2022, feita pelo leigo Antonio Batista de Souza Júnior, tem como inspiração o capítulo oitavo do Evangelho segundo João, eco do lema que é proposto. Baixe (AQUI) o cartaz.
Áudios para rádios
A CNBB também disponibiliza três Spots para a Campanha da Fraternidade 2022. Os roteiros foram executados pelas Assessoria de Comunicação da entidade, com produção da TV Aparecida.
O primeiro Spot, referente à primeira fase da Campanha, de 28 de fevereiro a 13 de março, pode ser baixado (AQUI). O conteúdo é de apresentação geral da CF.
Os outros dois spots, referentes as outras fases da Campanha, serão disponibilizados nos dias 11 e 18 de março. O segundo será sobre a Igreja Católica e a Educação. E o terceiro spot será focado na Coleta da Solidariedade, a ser realizada no dia 10 de abril.
Vídeos para as televisões
Da mesma forma, a CNBB disponibilizou três VT’s para a Campanha da Fraternidade 2022. Os roteiros também foram executados pelas Assessoria de Comunicação da entidade, com produção da TV Aparecida. O material pode ser conferido no Youtube da CNBB e no site das Campanhas.
Fonte: Saiba quais são os materiais da CF 2022 que estão disponíveis para download - CNBB
O Papa: a velhice é um dom de sabedoria e maturidade para todas as idades da vida
Na Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco sublinhou que é importante a interlocução dos jovens com os idosos e dos idosos com os jovens. Esta ponte será a transmissão da sabedoria na humanidade.
Segundo o Papa, "esta idade da vida diz respeito a um verdadeiro "novo povo" que são os idosos". "Nunca fomos tão numerosos na história da humanidade", sublinhou Francisco e o "risco de ser descartados é ainda mais frequente: os idosos muitas vezes são vistos como um peso". "Na primeira fase dramática da pandemia, foram eles que pagaram o preço mais alto. Já eram a parte mais frágil e transcurada", frisou o Pontífice, aconselhando a ler a Carta do Direito dos Idosos.
Amizade e aliança entre as diferentes idades da vida
Junto com a migração, a velhice está entre as questões mais urgentes que a família humana é chamada a enfrentar neste momento. Não se trata apenas de uma mudança quantitativa; está em jogo a unidade das idades da vida, ou seja, o verdadeiro ponto de referência para a compreensão e apreciação da vida humana em sua totalidade. Existe amizade, existe aliança entre as diferentes idades da vida ou prevalece a separação e o descarte?
Segundo o Papa, "vivemos num presente onde convivem crianças, jovens, adultos e idosos. No entanto, a proporção mudou: a longevidade tornou-se massa e, em grandes regiões do mundo, a infância é distribuída em pequenas doses. Falamos também do inverno demográfico. Um desequilíbrio que tem muitas consequências".
Nas culturas "desenvolvidas", a velhice tem pouca incidência
A cultura dominante tem como modelo único o jovem adulto, ou seja, um indivíduo que é autodidata e que sempre permanece jovem. Mas é verdade que a juventude contém todo o sentido da vida, enquanto a velhice simplesmente representa o seu esvaziamento e sua perda? É verdade isso? Somente a juventude contém o sentido pleno da vida, e a velhice é o esvaziamento da vida, a perda da vida? A exaltação da juventude como a única idade digna de encarnar o ideal humano, aliada ao desprezo pela velhice vista como fragilidade, degradação ou deficiência, foi o ícone dominante do totalitarismo do século XX. Será que esquecemos isso?
Segundo Francisco, "o prolongamento da vida tem um impacto estrutural na história dos indivíduos, das famílias e das sociedades. De fato, na representação do sentido da vida, e nas chamadas culturas "desenvolvidas", a velhice tem pouca incidência, porque é considerada uma idade que não tem conteúdos especiais para oferecer, nem significados próprios para viver. Além disso, falta o incentivo das pessoas a procurá-los, e falta educação da comunidade para reconhecê-los".
Projetos para os idosos viverem plenamente
Em suma, para uma idade que é parte decisiva do espaço comunitário e se estende por um terço de toda a vida, há – às vezes – planos de assistência, mas não projetos de existência. Planos de assistência, sim; mas não projetos para fazê-los viver plenamente. E isso é um vazio de pensamento, imaginação, criatividade. Sob esse pensamento, o que cria o vazio é que o idoso, a idosa são material de descarte: nessa cultura do descarte, os idosos entram como material de descarte. A aliança entre gerações, que restitui ao humano todas as idades da vida, é o nosso dom perdido e devemos recuperá-lo. Deve ser reencontrado nesta cultura do descarte e nesta cultura da produtividade.
Segundo o Papa, "quando os idosos comunicam seus sonhos, os jovens veem bem o que devem fazer. Os jovens que não mais questionam os sonhos dos idosos, farão fadiga para carregar seu presente e suportar seu futuro. Se os avós se voltam para suas melancolias, os jovens vão olhar ainda mais para seus celulares. A tela pode permanecer ligada, mas a vida se extingue antes do tempo. A repercussão mais grave da pandemia não está na desorientação dos jovens? Os idosos têm recursos de vida já vivida aos quais os jovens podem recorrer a qualquer momento. A velhice é um dom para todas as idades da vida. É um dom de maturidade, de sabedoria".
Diálogo entre jovens e idosos
O Papa sublinhou que é importante a interlocução dos jovens com os idosos e dos idosos com os jovens. "Esta ponte será a transmissão da sabedoria na humanidade", disse Francisco, esperando que essas reflexões sobre a velhice "sejam úteis a todos nós, para levar adiante esta realidade que o profeta Joel dizia, de que no diálogo entre jovens e idosos, os idosos possam doar sonhos e os jovens possam recebê-los e levá-los adiante. Não nos esqueçamos que tanto na cultura familiar quanto na social, os idosos são como as raízes da árvore: eles têm toda a história ali, e os jovens são como flores e frutos".
Francisco concluiu, dizendo que "se o suco não vier das raízes", os jovens "nunca poderão florescer. Tudo o que há de bonito numa sociedade está relacionado às raízes dos idosos. O idoso não é um material de descarte, mas uma benção para uma sociedade".
Fonte: O Papa: a velhice é um dom de sabedoria e maturidade para todas as idades da vida - Vatican News
Papa para a Quaresma: “Não nos cansemos de semear o bem"
“A Quaresma vem recordar-nos que o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia”. É o convite do Papa Francisco na sua mensagem para a Quaresma 2022, a partir de uma exortação do Apóstolo São Paulo
Quaresma tempo de semear
No trecho do Apóstolo sobre a sementeira e a colheita o Papa diz: “Temos uma imagem que Jesus muito prezava. São Paulo fala-nos dum kairós: um tempo propício para semear o bem tendo em vista uma colheita. Qual poderá ser para nós este tempo favorável? Certamente é a Quaresma, mas é-o também a nossa inteira existência terrena, de que a Quaresma constitui de certa forma uma imagem. Francisco recorda também que “o primeiro agricultor é o próprio Deus, que generosamente continua a espalhar sementes de bem na humanidade”. Ponderando por fim:
“Esta chamada para semear o bem deve ser vista, não como um peso, mas como uma graça pela qual o Criador nos quer ativamente unidos à sua fecunda magnanimidade”
Em Deus, nada se perde
E a colheita? Continua o Santo Padre: “Mas de que colheita se trata? Um primeiro fruto do bem semeado, temo-lo em nós mesmos e nas nossas relações diárias, incluindo os gestos mais insignificantes de bondade. Em Deus, nenhum ato de amor, por mais pequeno que seja, e nenhuma das nossas ‘generosas fadigas’ se perde”. E Francisco explica que na realidade, só nos é concedido ver uma pequena parte do fruto daquilo que semeamos, pois, “segundo o dito evangélico, um é o que semeia e outro o que ceifa”.
“É precisamente semeando para o bem do próximo que participamos na magnanimidade de Deus”
“Semear o bem para os outros - continua o Santo Padre - liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus”.
Não nos cansemos de fazer o bem
O segundo ponto da expressão do Apóstolo analisada pelo Papa refere-se a “não nos cansarmos de fazer o bem”. Perante a amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, adverte “a tentação é fechar-se num egoísmo individualista” e “refugiar-se na indiferença”. Porém Deus anima “dá forças ao cansado e enche de vigor o fraco. (…) Aqueles que confiam no Senhor, renovam as suas forças”.
“Ninguém se salva sem Deus”
Por isso, “não nos cansemos de rezar. Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa. Neste ponto Francisco recorda o nosso sofrimento com a pandemia: “No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte".
E convida: “Não nos cansemos de extirpar o mal da nossa vida. Possa o jejum corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca Se cansa de perdoar”. O Papa recorda também que não devemos nos cansar de fazer o bem “através duma operosa caridade para com o próximo. Durante esta Quaresma, exercitemo-nos na prática da esmola, dando com alegria”. “A Quaresma – disse ainda Francisco - é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão”.
A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido
Quanto ao terceiro ponto das palavras do Apóstolo o Papa falou sobre “A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido”, aqui Francisco nos pede perseverança, fé. Afirmando que “cada ano, a Quaresma vem recordar-nos que o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia".
Dom da perseverança leva à salvação
“Neste tempo de conversão – explica ainda o Papa - buscando apoio na graça divina e na comunhão da Igreja, não nos cansemos de semear o bem. O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o. Na fé, temos a certeza de que ‘a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido’, e obteremos, com o dom da perseverança, os bens prometidos para salvação nossa e do próximo”.
Fonte: Papa para a Quaresma: “Não nos cansemos de semear o bem" - Vatican News
O que a Quaresma tem a ver com a Campanha da Fraternidade?
Anualmente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza a Campanha da Fraternidade (CF) no Tempo Litúrgico da Quaresma, o período de preparação para a Páscoa. Mas o que tem a ver a Quaresma com a Campanha da Fraternidade?
A resposta pode ser dada a partir de alguns pontos: a origem da Campanha da Fraternidade, a proposta de conversão do Tempo Quaresmal e a possibilidade de vivenciar a Quaresma de um modo especial, com ações concretas.
“A Campanha da Fraternidade nasce no contexto quaresmal, e o primeiro gesto concreto da Campanha é o coração convertido e o segundo gesto é tratarmos realmente o tema do ano com prioridade, com reflexão profunda para que a gente inicie uma nova etapa”, explica o secretário executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista.
Origem
A Campanha da Fraternidade nasce a partir de uma iniciativa de arrecadação de recursos para atendimentos assistenciais da Cáritas Brasileira. Na Quaresma de 1962, no Rio Grande do Norte, foi realizada a primeira Campanha da Fraternidade com o convite à solidariedade, gesto concreto da prática quaresmal da esmola.
Conversão
A Quaresma também é tempo de conversão. E a Campanha da Fraternidade possui essa proposta ao motivar “um coração convertido”. Há mais de cinco décadas, a iniciativa anuncia a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, à sociedade e ao planeta, a Casa Comum.
“A cada ano, um tema é destacado como sinal de que realmente necessitamos de conversão. Em cada um dos temas específicos tratados pela Campanha da Fraternidade há o convite para alargar o olhar e perceber que o pecado ameaça a vida como um todo”, explicou a Presidência da CNBB no texto-base da Campanha da Fraternidade de 2019.
Citando o Papa Francisco, a Presidência da CNBB recorda que a “Quaresma é tempo favorável para sairmos de nossa alienação existencial causada pelo pecado”, é “tempo de abertura ao mistério da dor e da morte, da cruz, do Crucificado, Vencedor da morte”.
No Tempo Quaresmal, a liturgia e a catequese voltam-se para a lembrança e a preparação do Batismo, assim como os catecúmenos faziam no início da Igreja, exigindo profunda reorientação de vida e conversão de coração.
“E é a meditação da Palavra de Deus, os exercícios espirituais que nós fazemos, e as práticas que nós já conhecemos que vão nos ajudar a fazer essa boa preparação. Um coração convertido, jamais será indiferente aos irmãos e irmãs. Um coração convertido é um coração fraterno. Então, não tenha medo da fraternidade, ela é irmã gêmea da conversão”, orienta padre Patriky.
Em artigo sobre a relação da Campanha da Fraternidade e o tempo quaresmal, a assessora da Comissão para a Juventude da CNBB, irmã Valéria Andrade Leal, ressalta que o seguimento a que Cristo convida consiste “no processo de aprender d’Ele a realizar a vontade do Pai para nós, para toda a humanidade”. E é essa dinâmica que acontece na Quaresma, “tempo de retomar, avaliar e reavivar nossa opção por estar no seguimento do Mestre, escolhendo com ele a vontade de Deus sobre nós”.
“A quaresma para nós não é deserto do isolamento, mas do silêncio donde brota a experiência de encontro com o Pai, que nos faz compassivos, à semelhança do Mestre. Logo, caminhando com Ele, não podemos passar ao largo daqueles a quem Ele se acerca. A Campanha da Fraternidade nos ajuda a fazer este exercício. Quaresma é exercício de santidade. Santidade é assumir o projeto de Deus tal como nos mostra Jesus: até as últimas consequências, mas a partir das coisas pequenas, como nos ensina a vida de tantos santos e santas”, orienta irmã Valéria.
Modo de viver a Quaresma
A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola. Assim, a iniciativa promovida pela CNBB tem a finalidade principal vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma.
A Campanha da Fraternidade é um dos modos de viver a espiritualidade quaresmal. Ou seja, não se esgota a Quaresma na vivência da Campanha, mas a Campanha também não contradiz a vivência quaresmal, pelo contrário, a enriquece.
A cada ano, um tema é destacado como sinal de que realmente necessitamos de conversão. Em cada um dos temas específicos tratados pela Campanha da Fraternidade há o convite para alargar o olhar e perceber que o pecado ameaça a vida como um todo.
A partir dos temas, as campanhas propõem um programa quaresmal
- Escuta da Palavra que converte o coração
- Verdadeira atenção pelos outros
- Romper com a indiferença frente ao sofrimento
- Disponibilidade para o serviço
Mensagens do Papa
Padre Patriky também recorda que os Papa incentivam a vivência da Campanha da Fraternidade como parte do itinerário quaresmal. “Sempre nas mensagens se faz essa relação bonita da Campanha da Fraternidade com o período quaresmal”.
Na mensagem para a CF de 1979, São João Paulo II falava da necessidade de viver a quaresma com ascese pessoal, mas sem esquecer da importância do doar-se. Em suas próprias palavras: “Dar mostras dessa conversão ao amor de Deus com gestos concretos de amor ao próximo”.
Em 2007, a mensagem do Papa Bento XVI afirmava: “Ao iniciar o itinerário espiritual da Quaresma, a caminho da Páscoa da ressurreição do Senhor, desejo uma vez mais aderir à Campanha da Fraternidade (…) tempo em que cada cristão é convidado a refletir de modo particular sobre as várias situações sociais do povo brasileiro que requerem maior fraternidade”.
“Se toda a dinâmica da Quaresma é resgatar a catequese batismal, viver a Campanha da Fraternidade, é viver também o nosso batismo”, destaca Patriky.
Motivação litúrgica
A Campanha da Fraternidade também busca atender ao que a Igreja orienta na liturgia celebrada. “O prefácio do tempo quaresmal fala em imitar a misericórdia do Pai, repartir o pão com os necessitados, que o coração convertido vai ser sempre um coração solidário. E o que a Igreja pede é exatamente isto: que nesse caminho de preparação para a Páscoa, a gente dedique um tempo também para pensar a nossa relação com a educação”, explica Patriky, situando na reflexão proposta neste ano de 2022, com o tema “Fraternidade e Educação”.
Além dos prefácios das Orações Eucarísticas do tempo quaresmal, a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia ensina que “a penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual”. Assim, o documento rege que seja estimulada a prática da penitência, “adaptada ao nosso tempo, às possibilidades das diversas regiões e à condição de cada um dos fiéis”.
Acesse o site de Campanhas da CNBB:
Fonte: O que a Quaresma tem a ver com a Campanha da Fraternidade? (cnbb.org.br)
CNBB e parceiros oferecem pós graduação lato sensu sobre “Dimensão Social da Fé”
A Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB), a Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) e o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep), em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), estão com as pré-inscrições abertas, para o curso de Pós-graduação Lato Sensu em Dimensão Social da fé na modalidade à distância, até dia 7 de março. A carga horária é de 360 horas e terá a duração de aproximadamente um ano e meio. O investimento é de R$ 200 reais, valor único, pago na taxa de inscrição.
Conheça o conteúdo programático aqui.
Para o bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Sociotransformadora, dom José Valdeci Mendes, o compromisso com uma sociedade justa e solidária leva a um engajamento social. “Para que isso aconteça, precisamos conhecer profundamente a realidade, saber analisá-la e estar embasado no ensino social da Igreja. Por acreditar na coletividade social, a Comissão Sociotransformadora propõe o curso em Dimensão Social da Igreja”, destaca.
O bispo lembra que “estamos em uma sociedade de grandes desafios, injustiças e violações de direitos humanos e violações da casa comum. Vidas que são ceifadas brutalmente e, por isso, a lideranças que atuam no campo das pastorais sociais e movimentos precisam lutar para prevaleça o direito e a justiça”.
À luz do texto bíblico: “Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo” (cf. Mt 5,13), dom Valdeci reforça que seguir esse mandato de Jesus, exige de nós percepção e conhecimento dos fundamentos de nossa fé, para que haja um empenho em defesa da vida humana e de toda a criação”.
Dada à importância desta especialização, o bispo motiva as lideranças a participarem deste mutirão de estudos sobre a Dimensão Social da fé, segundo ele, o curso vai oferecer elementos para fortalecer a atuação nos conselhos de políticas, na sociedade civil, nas associações, sindicatos e assessorias das pastorais, organismos do povo de Deus e movimentos populares em prol do fortalecimento da democracia participativa.
A coordenadora nacional para a Questão da Mulher Encarcerada, Rosilda Ribeiro, é uma das pré-inscritas. Ela conta que quando viu a divulgação do curso pensou: “puxa, era isso que eu estava procurando, vou me inscrever. Senti um esperançar. Esse curso é um presente de Deus e da Comissão. Eu nunca fiz uma pós-graduação”, ressalta.
Rosilda revela que a expectativa sobre o curso é que ofereça ferramentas “para fazer a diferença social neste mundo. Não é que eu espero demais do curso, mas eu esperava demais um curso nessa linha, que trouxesse o ser humano para o centro, para o social, para a fé, e que fale do amor de Deus por quem sou apaixonada, e ao mesmo tempo vai em direção do outro, da ‘igreja em saída’”, enfatiza. “Que eu possa ir junto com os outros, propor políticas públicas e não termos medo de sermos profetas, de acreditar que é possível a fraternidade”, finaliza.
Porque uma pós sobre “Dimensão Social da Fé”?
O assessor da Comissão Sociotransformadora, frei Olávio Dotto, afirma que a realização da pós-graduação, no campo do ensino social da Igreja, vem sendo gestada desde 2021, com o objetivo de qualificar agentes de pastoral. “Queremos oferecer um curso de qualidade, para que os agentes possam atuar nos espaços formativos como multiplicadores, com uma análise crítica da realidade, que está cada vez mais complexa. Que o curso favoreça, ainda mais, a capacidade de discernir e apresentar caminhos novos”.
Dotto ressalta que o curso não é só para agentes de pastoral, mas também para seminaristas, sacerdotes, religiosos, religiosas. E também afirma que a formação favorece um mergulho na realidade da Igreja Latino Americana, com sua tradição e tantos mártires e profetas.
O coordenador do curso, Daniel Seidel, assegura que a motivação para a realização da pós graduação responde a uma necessidade urgente de capacitar os agentes das Pastorais Sociais e Organismos para uma atuação em sintonia com o chamado do papa Francisco: “sermos uma Igreja em saída para as periferias, uma Igreja Samaritana e Magdalena. Estamos vivendo uma mudança de época com muitas contradições, onde é preciso escutar as pessoas em situação de exclusão e anunciar a boa notícia do reinado de Cristo, em obras e ações concretas, que promovam transformação na sociedade e nas estruturas eclesiais”. O coordenador ressalta que é “uma resposta generosa de reconhecimento à dedicação de tantos cristãos leigos e leigas, religiosas e presbíteros que doam suas vidas para que todos tenham vida plena”.
Já o pró-reitor comunitário e de extensão da Unicap, padre Delmar Cardoso, afirma que essa parceria tem muito a ver com a história da universidade. “O tema envolve a fé e a justiça, além colaborar com as iniciativas da CNBB e seus organismos. A especialização em Dimensão Social é muito importante, é um tema levantado pelo papa Francisco, e nesse estudo temos a oportunidade de redescobrir a vida em comum, somos todos irmãos como afirmou o papa na encíclica a Fratelli Tutti, e essa é uma tarefa que envolve superar o nosso individualismo e percebermos que tudo está interligado entre nós”, indica o pró-reitor.
Para pré-inscrição aqui.
Patrono do curso
Daniel Seidel conta que a escolha de Santo Oscar Romero como patrono para esta edição representa o “desejo de conversão integral e testemunho de profecia que desejamos que todas as pessoas que participem do curso vivenciem um encontro profundo com Jesus Eucarístico nas pessoas abandonadas e esquecidas ou na natureza ferida. E desde este encontro renovem suas convicções e conheçam instrumentos e mediações que promovam justiça, paz e a integridade da Criação para responder aos desafios dos tempos atuais”, preconiza o coordenador do curso.
Fonte: CNBB e parceiros oferecem pós graduação lato sensu sobre "Dimensão Social da Fé" - CNBB
Último episódio de série da Pascom sobre a CF propõe pensar a educação para uma nova sociedade e um novo humanismo
A série especial CF 2022, promovida pela Pascom Brasil, chega ao seu último episódio, que tem como chave o verbo Agir, último passo proposto pelo texto-base. Para este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta como tema Fraternidade e Educação, e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). A Campanha da Fraternidade tem início em todo o país com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, início do tempo quaresmal.

No episódio Agir, o coordenador-geral da Pascom Brasil, Marcus Tullius, conversa com a gerente da Câmara de Educação Básica da Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), Roberta Guedes, e com o doutor em Educação e gestor educacional da Rede Filhas de Jesus, professor Carlos Eduardo Cardozo, conhecido como Cadu. A proposta de reflexão é pensar a educação para uma nova sociedade e um novo humanismo, tendo como base o Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco.
Educação para uma nova sociedade e um novo humanismo
Para a professora Roberta, que é também doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), o tema da educação tem a proposta de colocar uma Igreja a serviço de uma mudança social. Para ela, é preciso
“Mostrar passos que movam as pessoas para que sejam testemunhas de um Cristo vivo e encarnado. E isso significa entender que a educação não vai resolver todos os problemas do mundo, mas é um dos recursos primordiais para combater as desigualdades sociais, preconceito e tantas coisas que têm trazido mazelas que acabam com a casa comum.”
Segundo Roberta, a mudança essencial no caminho educativo parte “tanto da questão da criatividade quanto da responsabilidade com a pessoa humana, colocando-a no centro do processo. O novo aprendizado é humanizar a educação”, afirmou.
Projeto de vida: fonte para uma nova sociedade
Um dos pontos abordados pelo texto-base da Campanha, como resposta concreta no processo educativo, é o projeto de vida. O professor Cadu contextualiza que a primeira vez que a PJ (Pastoral da Juventude) começou a discutir o tema do projeto de vida foi em 1998. “Desde então, a PJ e a Igreja vão criando instrumentos e ferramentas para qualificar esta colaboração a crianças, jovens e outros adultos, o interlocutor da ação pastoral, na construção do projeto de vida”, destacou.
Para o educador, o tema do projeto veio à tona novamente, devido às discussões com o projeto do novo Ensino Médio e que pode confundir as pessoas, muito embora haja elementos que sejam comuns. Contudo, ele ressalta que o fundamento do projeto de vida é Jesus Cristo, garantindo a sua eclesialidade.
“Quando a Campanha da Fraternidade e a Igreja propõem o projeto de vida, está se pensando, primeiro, em uma vida integrada. A noção do projeto de vida na integralidade do sujeito em suas diversas dimensões. Pensar que a vida das pessoas esteja alinhada com a vontade de Deus na realização humana. Ou seja, qual é o sonho de Deus para a pessoa humana na sua vivência, na sua constituição humana? E este é um diferencial para a pastoral.”
Cadu ainda ressalta que é preciso aguçar os sonhos dos adolescentes e jovens. “Sem sonhos não dá para construir um projeto de vida.”
Pacto Educativo Global

Um dos pontos destacados durante a conversa e que está sendo basilar para a Campanha da Fraternidade é o Pacto Educativo Global. Segundo o site da ANEC, o pacto é “um chamado do Papa Francisco para que todas as pessoas no mundo, instituições, igrejas e governos priorizem uma educação humanista e solidária como modo de transformar a sociedade. No dia 15 de outubro de 2020 o Pacto foi lançado no Vaticano e, desde então, todo o globo tem se mobilizado para discutir, mobilizar e tornar o pacto algo concreto em nossas políticas educacionais e institucionais.” Para aprofundar o assunto e conferir materiais de apoio sobre o Pacto Educativo Global, há uma página especial preparada pela Associação da Educação Católica.
Para Cadu, o Papa Francisco, que é educador, desperta a Igreja, a partir do Pacto Educativo Global, para uma nova economia, uma nova relação com a ecologia e tudo é perpassado pela educação.
“Esse modelo de sociedade que temos atualmente se esgota do ponto de vista humano. É um modelo de sociedade que gera morte, que mata e não produz a vida.”
Uma das grandes contribuições do Pacto, segundo Roberta, é fazer com as pessoas deixem de ver as coisas por uma única ótica e compreendam que tudo está interligado. A doutorando em educação destaca que a importância de compreender a educação como uma obra plural e comunitária. “Não dá para eu ver a Amazônia pegando fogo e dizer que é uma questão climática só. Não dá para eu ver o Pantanal sendo destruído em chamas e dizer que foi um acidente. Não dá para eu ver o genocídio indígena e dizer que é uma briga entre garimpeiro e índios. Não dá para ver uma série de questões e dizer que isto não pode ser discutido na escola. Não, não dá!”.
“Mais do que nunca, quando a gente fala de um Pacto Educativo Global, a gente tem que pensar que é a educação é uma obra social. Educar é uma obra essencialmente social e não singular.”
Ainda sobre esta dimensão social do Pacto, o doutor em Educação, Carlos Eduardo, destaca que é ele composto de quatro atores: estado, sociedade civil, família e a escola.
“A Campanha da Fraternidade retoma os quatro atores pontuando esta integração e articulação na promoção da educação. Quando o Pacto e a Campanha falam de educação, não é só da educação formal. É da educação num conceito ampliado, de processos educativos que se estabelecem na família, na sociedade e na cultura, estabelecidos pelas políticas, pelo Estado, estabelecidos naturalmente nos processos da escola.”
A série CF 2022
Para conferir todos os episódios da série produzida pela Pascom Brasil basta acessar o Spotify e principais agregadores de podcast.
O primeiro episódio conta com a participação do assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Educação da CNBB, Pe. Júlio Evangelista, e do doutor em Ciências da Religião e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Edebrande Cavalieri. Eles fazem uma contextualização histórica da CF, bem como das campanhas anteriores sobre Educação. É um episódio introdutório, que também destaca elementos para a vivência do tempo quaresmal.
No episódio Escutar, a conversa é com a doutoranda em Educação, membro do Grupo de Trabalho sobre o Ensino Religioso da Comissão Episcopal para Cultura e Educação da CNBB e da Pastoral da Educação do Regional Leste 1, Beatriz Leal, e o bispo auxiliar de Belo Horizonte, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB e reitor da PUC Minas, Dom Joaquim Mol. Eles ajudam na compreensão dos elementos de interpelação da educação formal no Brasil, os desafios postos pela pandemia de covid-19 e a pedagogia da escuta no processo educativo.
No terceiro episódio, marcado pelo verbo Discernir, quem ajuda na reflexão é a jornalista e professora universitária, Suzana Coutinho, e o coordenador do setor de Animação Pastoral da Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), Gregory Rial. Eles dialogam sobre a educação na fé, o papel da família no processo educativo e os horizontes da educação cristã integral.
Francisco reza pelas vítimas das fortes chuvas em Petrópolis
No telegrama, o Santo Padre pede ao bispo de Petrópolis, dom Gregório Paixão Neto, para "transmitir às famílias das vítimas as suas condolências e a sua participação na dor de todos os enlutados ou despojados de seus haveres".
O Papa Francisco enviou um telegrama de pesar ao bispo de Petrópolis, dom Gregório Paixão Neto, pelas vítimas do temporal, na última terça-feira (15/02), que causou até agora 120 mortos. Segundo a Polícia Civil, foram feitos 116 registros de desaparecimentos, mas não se sabe quantos desses já foram encontrados.
O texto, assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, afirma que "ao tomar conhecimento com profundo pesar das trágicas consequências do deslizamento de terras nessa cidade", o Santo Padre "confia ao senhor bispo transmitir às famílias das vítimas as suas condolências e a sua participação na dor de todos os enlutados ou despojados de seus haveres. Pedindo a Deus Pai de misericórdia eterno repouso para os falecidos, conforto para os sinistrados aos quais deseja pronto restabelecimento e serenidade e consolação da esperança cristã para todos os atingidos pela dolorosa provação, envia a quantos estão em sofrimento e a quantos procuram aliviá-lo propiciadora bênção apostólica".
Fonte: Francisco reza pelas vítimas das fortes chuvas em Petrópolis - Vatican News
CELAM lança novo logotipo que preserva “a essência e o legado de mais de seis décadas de evangelização na América Latina e no Caribe”
Em linha com o processo de renovação e reestruturação que o Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) vem realizando, a resolução renovando a identidade gráfica da instituição, assinada por dom Miguel Cabrejos, presidente do CELAM, e dom Jorge Eduardo Lozano, secretário-geral, entrou em vigor em 15 de fevereiro de 2022.
O novo logotipo, como diz o texto, visa preservar “a essência e o legado de mais de seis décadas de evangelização na América Latina e no Caribe, um ponto de referência para a missão de nossa instituição”.
A proposta veio do Centro de Comunicações do CELAM, e foi apresentada numa reunião em 23 de novembro durante a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. A partir de 15 de fevereiro “este novo logotipo será utilizado em material impresso, digital e audiovisual para renovar a identidade gráfica do CELAM de acordo com os novos tempos”.
Manual de utilização da marca
Para uma melhor utilização do novo logotipo, foi elaborado um manual de uso interno no qual são apresentados o novo visual gráfico e os elementos que o compõem, bem como as especificações técnicas a serem levadas em conta.
De acordo com o manual, o logotipo é baseado em elementos que representam a essência do CELAM. São usadas cores, tipografias e sinais visuais que têm um significado específico: o báculo, como peça que representa o episcopado e a vocação pastoral dos bispos; a cruz, que simboliza o cristianismo e a obra evangelizadora da Igreja; e o mapa da América Latina e do Caribe, o espaço missionário da instituição.
No logotipo, o báculo e a cruz se fundem como um único elemento, que se incorpora em um território, integrando-se de forma clara, dinâmica e versátil. Desta forma, a liderança dos pastores da Igreja Católica se expressa nos processos e ações pastorais que tornam possível a inculturação do Evangelho no “continente da esperança” e em uma perspectiva sinodal.
A cruz tem representado os quatro pontos cardeais, a união do céu e da terra, o equilíbrio entre atividade e passividade, e é também a representação do cristianismo.
O báculo é um símbolo de autoridade, de poder como serviço para administrar a justiça, de transformação e, inspirado no caiado do pastor, representa o ofício pastoral.
O mapa da América Latina e do Caribe simboliza o território de referência missionária do Celam. Sua estilização comunica dinamismo, abertura e comunhão.
O Papa: quatro "proximidades", os pilares para uma vida sacerdotal no estilo de Deus
A proximidade a Deus, ao bispo, entre os presbíteros e ao povo: estas são as quatro atitudes "que dão solidez à pessoa" do sacerdote, apresentadas por Francisco em seu articulado discurso, na Sala Paulo VI, no Simpósio "Por uma teologia fundamental do sacerdócio", promovido pela Congregação para os Bispos.
Instrumentos concretos para os sacerdotes
Num articulado discurso, o Papa Francisco se refere a conceitos já expressos, especialmente na Evangelii Gaudium, sua primeira exortação apostólica, mas nos quais ele se detém "mais amplamente", pois o sacerdote "mais do que receitas ou teorias, precisa de instrumentos concretos para enfrentar seu ministério, sua missão e sua vida cotidiana". Suas palavras, esclarece, são "fruto do exercício de reflexão" sobre o testemunho "que recebi de tantos sacerdotes ao longo dos anos", contemplando "quais eram as características que os distinguiam e lhes davam uma força, uma alegria e uma esperança singulares em sua missão pastoral".
Proximidade que impede ao padre de levar uma vida de "solteiro"
A lógica da proximidade, esclarece Francisco, permite ao sacerdote "quebrar todas as tentações de fechamento, de autojustificação e de fazer uma vida de 'solteiro'", porque o convida a apelar para os outros "para encontrar o caminho que leva à verdade e à vida". São quatro dimensões que nos permitem, conclui, "administrar as tensões e desequilíbrios com que temos que lidar todos os dias", uma "boa escola para 'jogar em campo aberto', onde o sacerdote é chamado, sem medo, sem rigidez, sem reduzir ou empobrecer a missão". Não são "uma tarefa a mais", mas "um dom" que o Senhor nos dá "para manter viva e frutífera a vocação".

Para permanecer em paz nos momentos de provação e desolação
O Pontífice começa enfatizando que a "pequena coleta" que ele quer compartilhar, o Senhor lhe fez conhecer pouco a pouco, "durante estes mais de 50 anos de sacerdócio". Ao encontrar sacerdotes que "me mostraram o que dá forma ao rosto do Bom Pastor", mas também ao acompanhar irmãos sacerdotes que "haviam perdido o fogo do primeiro amor e seu ministério tinha se tornado estéril, repetitivo e sem sentido". Ele confessa que em algumas situações, "incluindo momentos de provação, dificuldade e desolação, quando eu vivia e compartilhava a vida de uma certa maneira tinha paz".
A atitude correta para acolher a mudança
A premissa do Papa Francisco é dedicada à atitude correta para acolher a mudança de época que a Covid "tornou mais do que evidente". Não a fuga "em direção ao passado", buscando "formas codificadas" que "nos garantam" "uma espécie de proteção contra riscos", mas nem "em direção ao futuro" com "um otimismo exasperado" que "consagra" a última novidade "como o que é verdadeiramente real, desprezando assim a sabedoria dos anos".
Em vez disso, eu gosto da atitude que vem de assumir com confiança o controle da realidade, ancorada na sábia e viva Tradição da Igreja, que pode se permitir de sair mar adentro, sem medo. Sinto que Jesus, neste momento da história, está nos convidando mais uma vez a "sair mar adentro" com a confiança de que Ele é o Senhor da história e que, guiados por Ele, seremos capazes de discernir o horizonte a ser percorrido.

As vocações genuínas em comunidades vivas e fraternas
"Discernir a vontade de Deus", explica o Papa, "significa aprender a interpretar a realidade com os olhos do Senhor, sem a necessidade de fugir do que acontece com nosso povo onde ele vive, sem a ansiedade que nos leva a buscar uma saída rápida e tranquilizadora, guiada pela ideologia do momento ou por uma resposta pré-fabricada". Um desafio a ser enfrentado também na vida sacerdotal. A crise vocacional, segundo Francisco, deve-se muitas vezes "à ausência nas comunidades de um fervor apostólico contagiante, por isso não entusiasmam e não despertam atração". Onde há vida, "o desejo de levar Cristo aos outros", surgem vocações genuínas.
Mesmo em paróquias onde os sacerdotes não são muito comprometidos e alegres, é a vida fraterna e fervorosa da comunidade que suscita o desejo de consagrar-se inteiramente a Deus e à evangelização, especialmente se esta comunidade vivaz reza insistentemente pelas vocações e tem a coragem de propor aos seus jovens um caminho de especial consagração.
O Senhor nos encontrou como éramos
O Pontífice convida então a ter cuidado com a tentação de "viver um sacerdócio sem Batismo, sem a memória de que o nosso primeiro chamado é à santidade". A fonte da esperança é Deus que sempre nos ama primeiro, e que "mesmo em meio à crise", não cessa de amar "e, portanto, de chamar". E disso, continua, dirigindo-se aos irmãos no sacerdócio presentes na Sala Paulo VI, "cada um de nós é testemunha: um dia o Senhor nos encontrou onde estávamos e como estávamos, em ambientes contraditórios ou com situações familiares complexas; mas isso não o distraiu de querer escrever, através de cada um de nós, a história da salvação".
Cada um, olhando para sua própria humanidade, sua própria história, seu próprio caráter, não deve se perguntar se uma escolha vocacional é conveniente ou não, mas se em consciência essa vocação revela nele aquele potencial de Amor que recebemos no dia de nosso Batismo.
A proximidade a Deus
Por esta razão, o Papa Francisco mergulha nas quatro "proximidades", que ele chama de "fundamentos sólidos" para a vida de um sacerdote hoje, começando com a proximidade de Deus, "proximidade ao Senhor das proximidades". Sem "um relacionamento significativo com o Senhor", reitera, "nosso ministério está destinado a se tornar estéril".
A proximidade com Jesus, o contato com sua Palavra, nos permite confrontar a nossa vida com a sua e aprender a não nos escandalizarmos de nada do que nos acontece, a nos defendermos dos "escândalos".

Sem a oração, um padre está sozinho um "trabalhador cansado"
Muitas crises sacerdotais, continua o Papa, "têm sua origem precisamente em uma vida pobre de oração, uma falta de intimidade com o Senhor, uma redução da vida espiritual à mera prática religiosa". Em momentos importantes "de minha vida", confessa, "esta proximidade com o Senhor foi decisiva para me sustentar". Sem a proximidade concreta "na escuta da Palavra, na celebração eucarística, no silêncio da adoração, na entrega a Maria, no acompanhamento sábio de um guia, no sacramento da Reconciliação", um sacerdote é "somente um trabalhador cansado que não desfruta dos benefícios dos amigos do Senhor".
Renunciar ao ativismo, crescer na oração
Francisco lamenta que "demasiadas vezes, na vida sacerdotal, a oração é praticada apenas como um dever", enquanto "um padre que reza é um filho que se faz próximo do Senhor". É necessário, entretanto, acostumar-se a "ter espaços de silêncio durante o dia". Devemos conseguir "renunciar ao ativismo", aceitando "a desolação que vem do silêncio, do jejum das atividades e das palavras, da coragem de nos examinarmos com sinceridade". Perseverar na oração, para o Pontífice, significa "não fugir quando a própria oração nos conduz ao deserto". O caminho do deserto é o caminho que leva à intimidade com Deus, com a condição, porém, de não fugirmos, de não encontrarmos meios para escapar deste encontro".
Um sacerdote deve ter um coração "largo" o suficiente para dar lugar à dor do povo a ele confiado e, ao mesmo tempo, como sentinela, anunciar a aurora da graça de Deus que se manifesta precisamente nessa dor.
Aceitar a própria miséria para abrir espaço a dos fiéis
De fato, explica o Papa Francisco, "abraçar, aceitar e apresentar a própria miséria na proximidade ao Senhor" para o sacerdote "será a melhor escola para poder, pouco a pouco, dar lugar a toda a miséria e dor que encontrará diariamente em seu ministério, a ponto de tornar-se ele mesmo como o coração de Cristo".
Proximidade ao bispo
Falando então da proximidade ao bispo, o Papa lamenta que "durante muito tempo foi lida apenas de forma unilateral", dando à obediência "uma interpretação longe do sentimento do Evangelho". De fato, obediência significa "aprender a ouvir e lembrar que ninguém pode afirmar ser detentor da vontade de Deus, e que ela deve ser entendida somente através do discernimento". E a relação de bondade com o bispo, como as outras três "proximidades", torna possível quebrar toda tentação de fechar-se em si mesmo e ajuda todo sacerdote e toda Igreja particular "a discernir a vontade de Deus".
Mas não devemos esquecer que o próprio bispo só pode ser um instrumento deste discernimento se ele também escutar a realidade de seus presbíteros e do povo santo de Deus a ele confiado.
A oração dos sacerdotes, a escuta dos bispos
Francisco lembra que na Evangelii gaudium recomendava de "praticar a arte de escutar, que é mais do que ouvir". A primeira coisa, na comunicação com o outro, é a capacidade do coração que torna possível a proximidade, sem a qual não há um verdadeiro encontro espiritual". Portanto, a obediência "também pode ser confronto, escuta e, em alguns casos, tensão".
Isto exige necessariamente que os sacerdotes rezem pelos bispos e saibam expressar sua opinião com respeito e sinceridade. Requer também humildade por parte dos bispos, a capacidade de ouvir, de ser autocrítico e de se deixar ajudar. Se defendermos este elo, prosseguiremos com segurança em nosso caminho.
A proximidade entre os sacerdotes
A terceira proximidade, aquela entre os sacerdotes, para o Pontífice é expressa na fraternidade, que é "escolher deliberadamente procurar ser santo com os outros e não em solidão". Para explicar suas características "que são as do amor", pede ajuda ao "mapa" do capítulo 13 da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. Fraternidade, portanto, significa paciência, "a capacidade de sentir-se responsável pelos outros, de carregar seus fardos", longe da inveja, a incapacidade de alegrar-se "quando vejo o bem na vida dos outros", que " tanto atormenta os nossos ambientes e que é uma fadiga na pedagogia do amor, e não simplesmente um pecado a ser confessado". Na fraternidade, "não precisamos nos vangloriar", nem faltar "respeito para com aqueles que nos circundam". O amor fraterno, lembra o Papa Francisco, "não busca seu próprio interesse, não deixa espaço para a raiva, para o ressentimento", não se lembra "para sempre do mal recebido" a ponto de talvez "gozar da injustiça quando se trata da pessoa que me fez sofrer", e "considera um pecado grave atacar a verdade e a dignidade dos irmãos através de calúnias, maledicências, fofocas".
A fraternidade não é utopia, mas um campo de treinamento para o espírito
Não é uma utopia, assegura Francisco, mesmo que "todos saibamos como pode ser difícil viver em comunidade, compartilhar a vida cotidiana com aqueles que quisemos reconhecer como irmãos".
O amor fraterno, se não queremos adoçá-lo, acomodá-lo ou menosprezá-lo, é a "grande profecia" de que, nesta sociedade de desperdício, somos chamados a viver. Eu gosto de pensar no amor fraterno como uma academia do espírito, onde dia após dia nos confrontamos e temos o termômetro de nossa vida espiritual.
Fraternidade que ajuda a viver serenamente o celibato
Somente "quem procura amar está seguro", resume o Pontífice, porque "quem vive com a síndrome de Caim", convencido "de que não pode amar porque sente sempre de não ter sido amado", justamente por causa disso "é mais expostos ao mal: a se machucar e a fazer o mal".
Eu diria até mesmo que onde a fraternidade sacerdotal funciona e existem laços de verdadeira amizade, também é possível viver a escolha celibatária com maior serenidade.
O celibato, de fato, "é um dom que, para ser vivido como santificação, requer relações saudáveis, relações de verdadeira estima e verdadeira bondade que encontram sua raiz em Cristo". Sem amigos e sem oração, recorda o Papa Francisco, "pode tornar-se um fardo insuportável e um contra-testemunho da própria beleza do sacerdócio".
Proximidade ao povo
A quarta proximidade, "o relacionamento com o Povo Santo de Deus", sublinha o Papa, "não é para cada um de nós um dever, mas uma graça", o que favorece "o encontro em plenitude com Deus", como já está escrito na Evangelii gaudium. O lugar de todo sacerdote "é no meio do povo", para descobrir que Jesus crucificado "quer nos usar para nos aproximar cada vez mais de seu amado povo". Ele "quer que toquemos a miséria humana", e que conheçamos "o poder da ternura". Esta proximidade, como os outros, convida o Papa, de fato "exige, continuar o estilo do Senhor", feito "de compaixão e ternura, porque ele é capaz de caminhar não como um juiz, mas como o Bom Samaritano". Como aquele que "reconhece as feridas de seu povo", os sacrifícios "de tantos pais e mães para manter suas famílias, e também as consequências da violência, corrupção e indiferença".
É decisivo lembrar que o Povo de Deus espera encontrar pastores no estilo de Jesus - e não "clérigos de estado" ou "profissionais do sagrado" -; pastores que conhecem a compaixão e a oportunidade; homens corajosos, capazes de parar diante dos feridos e estender a mão; homens contemplativos que, em sua proximidade ao seu povo, podem proclamar a força operante da Ressurreição sobre as feridas do mundo.
A proximidade do pastor encoraja a pertença
Em uma sociedade onde estamos "conectados a tudo e a todos, nos falta a experiência de pertencer, que é muito mais do que uma conexão". Mas, lembra Francisco, "com a proximidade de pastor podemos convocar a comunidade e fomentar o crescimento de um sentimento de pertença". Um antídoto "contra uma deformação da vocação", esquecer "que a vida sacerdotal é para os outros, para o Senhor e para o povo por Ele confiado". Um esquecimento que "está na raiz do clericalismo e de suas consequências".
O clericalismo é uma perversão porque é construído sobre o "distanciamento". Quando penso no clericalismo, penso também na clericalização dos leigos: a promoção de uma pequena elite em torno do padre que também acaba distorcendo sua missão fundamental.
Como é minha proximidade?
Em conclusão, o Pontífice relaciona "esta proximidade com o Povo de Deus com a proximidade de Deus", pois quando reza "o pastor traz as marcas das feridas e alegrias de seu povo, que ele apresenta em silêncio ao Senhor para ungi-las com o dom do Espírito Santo".
Bispos e padres fariam bem em se perguntar "como vão as minhas proximidades", como estou vivendo estas quatro dimensões que moldam meu ser sacerdotal de forma transversal e me permitem administrar as tensões e desequilíbrios com os quais temos que lidar todos os dias. Estas quatro proximidades são uma boa escola para "jogar em campo aberto", onde o sacerdote é chamado, sem medo, sem rigidez, sem reduzir ou empobrecer a missão.
Proximidade com o estilo de Deus: compaixão e ternura
Estas proximidades do Senhor, resume novamente o Papa Francisco, "não são uma tarefa a mais: são um dom que Ele dá para manter viva e fecunda a vocação". Para evitar a tentação de "fechar-nos em discursos e discussões intermináveis sobre a teologia do sacerdócio ou sobre teorias do que deveria ser", o Senhor, com ternura e compaixão, "oferece aos sacerdotes as coordenadas para reconhecer e manter vivo o ardor pela missão: proximidade, proximidade a Deus, ao bispo, aos irmãos sacerdotes e ao povo a eles confiado". A proximidade no estilo de Deus, que está próximo com compaixão e ternura"
Fonte: O Papa: quatro "proximidades", os pilares para uma vida sacerdotal no estilo de Deus - Vatican News